O tempo quente e seco neste mês de julho vem ajudando a colheita da nova safra de arábica. Os trabalhos agora estão em ritmo normal, mas o atraso inicial faz com que os armazéns ainda estejam com volumes menores que os habituais para esta época do ano. Começa a chegar ao mercado um fluxo maior de amostras, mas o valor das ofertas não permite que os negócios fluam como deveriam neste início de ano-safra, de ciclo alto. Apenas na zona da mata se percebe um volume normal de negócios fechados. É uma região que tem o hábito de iniciar a comercialização mais cedo, está tendo uma safra de bom tamanho e o tempo seco faz com que a qualidade dos cafés produzidos lá esteja acima da média dos últimos anos.

À medida que a colheita avança, o que se ouve de produtores e agrônomos é que o tamanho da safra deverá ficar ao redor do estimado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Se esse volume for confirmado ao final da colheita, ele será recorde - como os operadores repetem como um mantra - mas será apenas o necessário para cumprirmos nossos compromissos de exportação e consumo interno, restando muito pouco café para complementar nossas necessidades no próximo ano-safra 2019/2020, de ciclo baixo.

De nossa parte, temos repetido que o fator novo não é a safra recorde, mas sim o término dos estoques governamentais de café pela primeira vez na história e o baixíssimo nível dos estoques privados de passagem no final de junho, quando se iniciou nosso novo ano-safra.

Os cafeicultores mostram preocupação com a prolongada seca. Muitos falam que em pleno início de inverno o aspecto da lavoura se assemelha ao de final de inverno. O jornal O Estado de São Paulo trouxe hoje, em matéria de primeira página, uma reportagem preocupante sobre o nível da água nos principais reservatórios do Estado. O nível do sistema Cantareira continua caindo e chegou ontem a 41,3%. Há um ano, estava em 64,6%. Segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), entre 1º de abril e 12 de julho, choveu nas bacias de captação do Cantareira só 16% da média histórica da estação seca, que vai até setembro (OESP).

Hoje, o dólar recuou forte frente ao real e o café em Nova Iorque subiu 185 pontos, recuperando o baixo patamar de US$ 1,10 por libra-peso. Nesta semana, os contratos com vencimento em setembro próximo tiveram ganhos de 75 pontos, mas o dólar recuou aproximadamente 2% frente ao real. O mercado físico se repetiu por toda a semana: difícil o fechamento de um volume maior de negócios em razão dos preços oferecidos pelos compradores. Os cafeicultores dizem que seus custos vem subindo devido a alta do dólar, que reflete nos principais insumos, e ao aumento dos fretes rodoviários, enquanto os preços do café são derrubados pela força dos operadores em Nova Iorque.

Green Coffee Association divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 6.844.229 em 30 de junho de 2018, apresentando baixa de 23.365 sacas em relação às 6.867.594 sacas existentes em 31 de maio de 2018.

Até dia 19, os embarques de julho estavam em 773.814 sacas de café arábica, 82.195 sacas de café conillon, mais 123.748 sacas de café solúvel, totalizando 979.757 sacas embarcadas, contra 1.069.175 sacas no mesmo dia de julho. Até o mesmo dia 19, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em julho totalizavam 1.385.026 sacas, contra 1.669.980 sacas no mesmo dia do mês anterior.

A bolsa de Nova Iorque (ICE) do fechamento do dia 13, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 20, subiu nos contratos para entrega em setembro próximo 75 pontos ou US$ 0,99 (R$ 3,74) por saca. Em reais, as cotações para entrega em setembro próximo na ICE fecharam no dia 13 a R$ 559,55 por saca, e hoje, dia 20, a R$ 552.68. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em setembro, a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 185 pontos. No mercado estável de hoje, são as seguintes cotações nominais por saca para os cafés verdes do tipo 6 para melhor, safra 2018/2019, condição porta de armazém:

R$470/490,00 - CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
R$450/470,00 - FINOS A EXTRA FINOS – MOGIANA E MINAS.
R$440/450,00 - BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
R$425/435,00 - DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
R$420/425,00 - RIADOS.
R$400/420,00 - RIO.
R$400/420,00 - P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
R$390/410,00 - P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADAS.

DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 3,7760 PARA COMPRA.