No Brasil, os custos operacionais na produção de café arábica entre abril de 2016 e maio de 2017 tiveram aumento de até 8,43%, totalizando mais de R$ 400,00 a saca. Ainda assim, de acordo com levantamento do Projeto Campo Futuro divulgado na semana passada, a margem líquida ficou positiva aos produtores. No Sul de Minas Gerais, principal região produtora do grão no país, o aumento dos custos chegou a quase R$ 40,00 a saca. 


De acordo com a Companhia Brasileira de Abastecimento (Conab), na safra passada o país produziu 43,38 milhões de sacas de 60 kg do tipo arábica. Na média brasileira, o Custo Operacional Efetivo (COE) teve aumento nas áreas onde a produção é manual, com 8,43% em relação ao período anterior, de abril de 2015 e maio de 2016, e de 6,83% no Custo Operacional Total (COT), que leva em consideração todos os gastos da safra abrangidos pelo COE mais depreciações e despesas, como mão-de-obra, fertilizantes, produtos fitossanitários, manutenção de máquinas e etc. 

Apesar do resultado, o relatório indica que a margem líquida foi positiva para todas as formas de produção (manual, mecanizada e semimecanizada). Em abril de 2016, por exemplo, os municípios com produção manual apresentaram um COT de R$ 402,18 a saca e Receita Bruta de R$ 452,75 a saca, resultando em uma margem líquida positiva de R$ 50,57 a saca. Em maio de 2017 aconteceu a mesma coisa, porém com uma margem líquida menor em 44,85%. "Isto ocorreu devido ao aumento no COT, que ficou em R$ 429,65 a saca", informou o projeto. 

Segundo o estudo, especificamente no Sul de Minas Gerais, os aumentos nos custos de produção foram próximos de R$ 40,00 a saca de um ano para o outro. Em Santa Rita do Sapucaí (MG), o COT que era de R$ 440,00 a saca em 2016 foi para R$ 462,93 em 2017, resultando em um aumento de 5%. Já em Guaxupé (MG), o custo que era de R$ 421,03 a saca em 2016 foi calculado em R$ 459,17 neste ano, com um aumento de 9% entre os dois períodos analisados.

"Na maioria das cidades verificadas as mudanças nos custos de produção não foram tão drásticas em relação ao ano anterior, mas ocorreram", disse o assessor técnico daComissão Nacional do Café, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil(CNA), Maciel Silva.

Em relação a margem líquida, foi verificado redução nos dois municípios. Em 2016, ela era positiva em R$ 7,55 a saca em Guaxupé e passou a ser negativa em R$ 22,96, no levantamento de 2017. Em Santa Rita do Sapucaí, a margem líquida que era de R$17,97 a saca passou a ser de menos R$10,17 a saca. "Além do efeito do aumento no custo de produção, a redução da margem líquida em Guaxupé foi resultado da redução em 1,8% na receita bruta obtida pelos produtores da região".

O Campo Futuro, que é um Projeto da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), é realizado mensalmente em fazendas 'modais' de 12 cidades produtoras de café dos estados da Bahia,Espírito Santo, Minas Gerais, Rondônia, Roraima e São Paulo