Após oscilarem dos dois lados da tabela durante o dia, as cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecharam a sessão desta segunda-feira (9) com alta próxima de 200 pontos.

O mercado voltou a estender os ganhos registrados na semana passada de mais de 4% após testar mínimas de mais de seis meses no fim de 2016, os fundos de investimento voltaram a atuar no mercado e as oscilações do câmbio também contribuem para a valorização.

Com essa nova alta, os preços externos do grão já buscam o patamar de US$ 1,50 por libra-peso nos principais vencimentos. O contrato março/17 fechou o pregão de hoje cotado a 144,20 cents/lb com 135 pontos de alta, o maio/17 anotou 146,55 cents/lb com 140 pontos de valorização. Já o vencimento julho/17 encerrou o dia negociado a 148,85 cents/lb também com 140 pontos de alta e o setembro/17, mais distante, subiu 145 pontos, cotado a 150,95 cents/lb.

De acordo com o Escritório Carvalhaes, com sede em Santos (SP), os fundamentos são altistas para o mercado. Por outro lado, o cenário político e econômico mundial também traz incertezas para a commodity. "No café, os fundamentos: consumo em alta, baixos estoques mundiais, incertezas climáticas, término dos estoques brasileiros - maior produtor e exportador mundial, além de segundo maior consumidor, que agora passa a depender apenas de sua produção anual – apontam para mais um ano de preços sustentados e em alta. O cenário político e econômico dificulta uma visão mais clara do que acontecerá com o mercado", explicou em relatório.

Alguns envolvidos no mercado do café acreditam que as melhores condições climáticas no fim de 2016 devem contribuir para minimizar os efeitos da bienalidade negativa. No entanto, segundo reporte recente do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP) nesta quarta-feira, o clima tem sido favorável, mas a bienalidade negativa deve resultar em menor produção de café na temporada brasileira 2017/18, com isso os preços devem se manter firmes ao longo do ano.

A Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé), maior do mundo, estima queda na produção de café do Brasil em 2017 em cerca de 17%. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima que o Brasil fechou o ano de 2016 com produção recorde de café, foram 51,37 milhões de sacas entre arábica e conilon, variedade brasileira do robusta.

A retomada do interesse dos fundos de investimento pelo mercado e o câmbio também tem influenciado os negócios no café. O dólar comercial fechou a sessão desta segunda-feira com alta de 0,78%, cotado a R$ 3,1967 na venda. As oscilações na moeda estrangeira impactam diretamente as exportações da commodity e, consequentemente, os preços internos e externos do grão. O dólar mais baixo desencoraja os embarques e pode contribuir para um ajuste na oferta global de café.

Mercado interno

No mercado físico, os negócios seguem isolados. Diante das recentes altas externas, os preços dos tipos mais negociados já estão próximos do patamar de R$ 500,00 a saca, mas ainda assim o comprador se mostra reticente. "Apesar do preço atrativo, são registrados poucos negócios no Brasil. Muitos produtores já venderam seus cafés em momentos de preços mais altos do que isso", afirmou o especialista em café da INTL FCStone Brasil, Thiago Ferreira.

"Praticamente não houve negócios no mercado físico brasileiro nesta primeira semana de 2017. Os cafeicultores não colocaram lotes no mercado devido aos baixos valores oferecidos pelos compradores", reportou o Escritório Carvalhaes.

O café tipo cereja descascado registrou maior valor de negociação no dia em Espírito Santo do Pinhal (SP) com R$ 560,00 a saca – estável. A maior variação no dia ocorreu em Guaxupé (MG) com alta de 1,89% e saca a R$ 540,00.

O tipo 4/5 anotou maior valor em Guaxupé (MG) com 556,00 a saca e alta de 1,83%. Foi a maior variação no dia dentre as praças.

O tipo 6 duro teve maior valor de negociação no dia em Espírito Santo do Pinhal (SP) com R$ 520,00 a saca e alta de 4,00%. Foi a maior oscilação dentre as praças no dia.

Na sexta-feira (6), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 505,41 com alta de 0,80%.