Os brotos que crescem em grande número nos tocos de cafeeiros recepados podem ter sua desbrota facilitada pelo uso prévio de um raleamento mecânico, conforme aqui explicitado. Na condição de lavouras de café bem fechadas e que perderam de forma drástica os ramos laterais saídos das hastes principais – e ainda na situação em que se torna preciso reduzir o excesso de hastes ortotrópicas – um tipo de poda que é indicado é a recepa baixa. Como ela é uma poda que prevê a reforma/renovação total da copa dos cafeeiros, perdendo-se praticamente duas safras, deve ser a última alternativa no uso de podas.

Quando utilizada, a poda de recepa exige, em seguida, a condução dos brotos, cujo número por planta vai variar de acordo com o espaçamento na linha dos cafeeiros. A execução da desbrota é feita a mão, com o trabalhador arrancando do tronco o excesso de brotos, deixando de 1 a 3 conforme o espaçamento, seja mais junto ou mais aberto entre plantas na linha. Essa operação demanda bastante trabalho.

Quando feita com brotos mais novos, com 10 a 15 cm, o trabalhador pode observar os brotos com mais facilidade, rendendo mais o seu trabalho de desbrota. No entanto, em situações como áreas maiores ou quando a desbrota, por algum motivo, for retardada e os brotos crescerem um pouco mais, eles formam um tipo de moita e o trabalho fica difícil e de menor rendimento. Outra causa que leva a um maior número de brotos é na recepa de plantas que possuem várias hastes, assim fica dificultada a sua condução por desbrota.

Em trabalho de campo recente foi testado um raleio de brotos, feito de forma mecânica, precedendo a desbrota final, esta mantida manual. Os cafeeiros recepados nessa área possuíam brotos já adiantados, com 20 a 40 cm de comprimento, e apareciam na forma de uma pequena moita, com mais de 15 a 20 brotos por planta podada. A ideia usada com sucesso foi a entrada com facão ou foice cortando lateralmente, dos dois lados da linha e bem junto ao tronco, de cima para baixo, eliminando rapidamente o excesso de brotos e limpando a planta, deixando os brotos restantes, que ficaram em número de 3 a 4 apenas, na parte mais interna, ou seja, na direção da linha dos cafeeiros, o que se considera ideal. Essa eliminação, ou um tipo de raleamento mecânico, se tornou uma operação muito rápida. Em seguida, a seleção final feita à mão, partindo de um pequeno número de brotos e bem visíveis aos trabalhadores, aumentou muito o seu rendimento. No caso foram deixados apenas dois brotos por planta.

Assim, foi possível verificar que, com a eliminação prévia do excesso de brotos, de forma mecânica e rápida, houve grande facilidade na operação em seguida da seleção e condução de brotos no número desejado. Com boa observação e interesse, resulta o que se chama vulgarmente de utilizar “arte e engenho”, Com isso, pode-se melhorar e reduzir custos operacionais, por mais simples que pareçam.


Aspecto da brotação intensa em cafeeiros recepados, formando moitas na área do teste de raleamento mecânico - FSH, Areado (MG) - jan/19.


Como foi processada a desbrota. Planta da esquerda raleada lateralmente de seus brotos, com facão. Planta da direita já completada a desbrota, manualmente, em seguida.


Completado o trabalho, deixando dois brotos por planta nos dois cafeeiros à direita, e na esquerda plantas originais com muitos brotos, prova disso é a grande quantidade de brotos no chão, pós-desbrota.

 

POR JOSÉ BRAZ MATIELLO