Nas lavouras de café, a chegada do mês de setembro marca o início da florada no país. No entanto, em regiões como Sul de Minas, Cerrado Mineiro e Alta Mogiana, o menor volume de chuvas desde junho começa a preocupar os agricultores, uma vez que a produção dos frutos para a safra de 2018 pode ser severamente afetada com as reservas hídricas das plantas começando a se esgotar.


O engenheiro agrônomo da Fundação Procafé, André Luiz Alvarenga Garcia, explica que um déficit hídrico de 120 milímetros, além de ser esperado pelos cafeicultores, é importante para igualar a florada, fazendo com que as gemas das flores permaneçam em dormência e despertem, todas juntas, quando caírem as primeiras precipitações. O que está ocorrendo, no entanto, é que o estresse hídrico já passou de 150 milímetros, desfolhando os pés de café. 


"A folha é a fonte de energia da planta. Quanto mais desfolha, mais perda haverá em cima do potencial produtivo. Estamos atravessando uma situação de seca muito próxima a de 2014", disse Garcia. Ele afirmou, ainda, que 50% da área plantada de café nas regiões afetadas já está bastante prejudicada, o que certamente influenciará negativamente no rendimento da safra 2018/2019.

De olho nos problemas climáticos pelos quais as lavouras do Brasil estão passando, o mercado internacional parece estar se conscientizando da gravidade da seca durante a época da florada. O café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Future US) subiu mais de 300 pontos na última terça-feira (12), preocupando tanto os operadores quanto os produtores do grão, que têm compromissos com a entrega da mercadoria. "O mercado de café está entendendo que a oferta do produto vai diminuir. Com quebra de oferta, o preço sobe mesmo", explica o engenheiro. 

Meteorologistas apostam em chuvas entre o final do mês de setembro e começo de outubro, porém, a cada dia de seca, mais problemas surgem nas plantações. O jeito agora é torcer para o clima mudar o quanto antes. "Esperamos que chova antes do previsto para parar esse aumento de dano ao potencial produtivo. O que aconteceu até agora é irreversível: as folhas não vão mais produzir o que tinham potencial de produzir, muitas folhas já caíram e os botões foram afetados", finalizou.