Temos verificado frequentemente em campo ramos laterais de cafeeiros com grande formação de brotações, saídas junto às rosetas, no lugar onde deveriam ser formados os botões e, em seguida, as flores e frutos.


No dimorfismo dos ramos dos cafeeiros, os laterais ou plagiotrópicos são os responsáveis pela produção e os ortotrópicos são os que resultam no crescimento das hastes principais das plantas, deles saindo os laterais.

Na ramagem lateral, produtiva, nos nós ou rosetas, são emitidas as gemas florais, no processo reprodutivo do cafeeiro. Eventualmente, podem ali sair algumas poucas brotações, que dão origem a novos ramos laterais, que chamamos de terciários, formando um palmetamento da ramagem. Esse processo de brotação é considerado normal quando em pequena quantidade. No entanto, quando ocorre brotação excessiva, ao longo de quase todo o ramo, verificamos tratar-se de uma anormalidade. Esta tende a prejudicar a produtividade das plantas, pois ocorre diferenciação de gemas vegetativas no lugar das florais, estas ficando reduzidas.

As causas dessa diferenciação anormal, com brotação excessiva, não são bem conhecidas. Verifica-se, no campo, alguns fatores que sempre estão associados a essa brotação. São eles:
a) Morte ou bloqueio temporário da gema apical do ramo (quebra de dominância) por deficiência de boro, efeito de frio intenso, ataque de Phoma etc;
b) Temperatura e/ou insolação elevadas, associadas a desequilíbrio térmico (temperatura diurna x noturna), nesse caso mais presente do lado das plantas voltado para o sol da tarde;
c) Presença de ramos estressados por carga anterior;
d) Cafeeiros com maior espaçamento, na rua e, especialmente, na linha.

Assim como não se conhece perfeitamente as causas, igualmente não se tem uma ideia precisa dos efeitos. É visível, no campo, que a brotação excessiva influi na redução do numero de botões e flores, podendo, deste modo, prejudicar a produtividade das plantas. Por outro lado, os novos ramos formados tendem a aumentar a produção na próxima safra. Resta, ainda, dizer que, em regiões mais quentes, esses ramos laterais terciários crescem rapidamente e, neles, os 2-3 nós mais velhos, ainda conseguem dar flores no mesmo ciclo, o que, teoricamente, seria inadmissível, pois se diz que a diferenciação floral, nas nossas condições, ocorre bem mais cedo, de março a junho, e, nessa época, estes ramos novos nem existiam ainda.

Por isso tudo, essa nota técnica tem o objetivo de colocar algumas informações sobre o problema de superbrotamento da ramagem produtiva, visando adicionar observações práticas e indicar, também, a necessidade de obtenção de conhecimentos complementares, através da pesquisa.


Detalhe da emissão inicial de brotos vegetativos, de forma excessiva, em locais destinados ao abotoamento, nos ramos produtivos de cafeeiros. Sul de Minas, setembro de 2016 // Foto: Procafé
Detalhe da emissão inicial de brotos vegetativos, de forma excessiva, em locais destinados ao abotoamento, nos ramos produtivos de cafeeiros. Sul de Minas, setembro de 2016


Ramo produtivo de cafeeiro com emissão de grande número de brotações, de gemas vegetativas, neste caso por efeito de bloqueio do ponteiro, por ação de frio. Sul de Minas, setembro de 2016. // Foto: Leonardo Miranda
Ramo produtivo de cafeeiro com emissão de grande número de brotações, de gemas vegetativas, neste caso por efeito de bloqueio do ponteiro, por ação de frio. Sul de Minas, setembro de 2016.