As flores apareceram por falta de folhas nos ramos. Quebra será acima de 20%

Embora visualmente a florada da safra comercial 2017/18 de café arábica mostre cafezais embranquecidos em todo o cinturão produtivobrasileiro, a realidade de produção deve ser outra.

Após as recentes chuvas cerca de 80% das lavouras - segundo levantamento da Fundação Procafé - receberam a florada, que muito se semelha, em volume, do ano safra 2007/2008. A produção por outro lado, deve cair 20% na temporada.

Conforme explica o jornalista, João Batista Olivi direto de São Pedro da União (MG), em consequência da seca prolongada muitas folhas caíram dando lugar, posteriormente, as flores.

Nessas condições "os pés de café entendem [após um longo período de estresse] que precisam se perpetuar para manter a espécie, por isso se enchem de flores", acrescenta o cafeicultor da região, Fernando Barbosa.

Por conta de deficiência nutricional e o elevado percentual de esquelatamento e recepa nesta safra, a expectativa dos produtores é de que grande parte da florada não terão condições de desenvolver o fruto.

"Boa parte dessa folhada não irá vingar justamente pela nutrição que as plantas precisam para dar sequência ao desenvolvimento dos frutos", explica Barbosa.

As precipitações registradas no último final de semana, por exemplo, já ocasionou a "queda de muitas flores", conforme conta Olivi.

Além disso, chuvas no período da florada podem, em determinadas ocasiões, murchar as flores, sendo suscetíveis a fungos e consequentemente menor produção.

Para Barbosa, as regiões de altitude podem ter um rendimento melhor, devido às condições de umidade, mas em geral, "de 100 flores, 50 cairão", estima.

E para completar analistas esperam que a safra 2017 do Brasil seja menor do que a atual safra, [terminada nas últimas semanas], devido ao ciclo bianual natural de produtividade.

Preços

As perspectivas para os preços são mais positivas. Com estoque baixo e a projeção de safra menor, a tendência é de que os preços do café se mantenham firmes.

Vale lembrar que a grande quebra na safra 2015/16 do robusta também poderá favorecer a demanda pelo arábica.

Porém, "com custos de produção elevados precisaríamos que os preços reajustassem de 30% a 40%, mas acho que será difícil chegar nesse patamar", diz Barbosa.