GLOBO RURAL - 08/03/2015 09h00 - Atualizado em 08/03/2015 09h04

Custos para manter a lavoura estão ficando mais caros com alta do dólar. Por outro lado, o dólar valorizado evita uma queda maior no preço do café.

Manoela Borges / Varginha, MG

Os produtores de café também estão preocupados. Apesar da alta do dólar em fevereiro, o preço no mercado interno caiu. A baixa no mercado internacional tem sido mais forte que o aumento do dólar.

Foi só a chuva cair no sul de Minas Gerais para o preço da saca do café arábica começar a cair. José Pinto conseguiu segurar um pouco da última safra e é o que tem ajudado nas despesas da lavoura e no planejamento da próxima colheita. “Eu vendi em torno de 900 sacas, hoje eu devo ter em torno de 300 sacas para pagar o restante das dívidas pendentes e dar início à próxima colheita, que deve se iniciar agora em maio”, comenta o agricultor.

O que tem agravado a situação dos produtores é o avanço da cotação do dólar. Os fertilizantes e defensivos agrícolas estão entre 10 e 12% mais caros. A saca de café caiu quase 9%, custava R$ 473 no início de fevereiro e fechou em torno de R$ 432.

Muitos produtores rurais usam parte da produção para quitar os gastos com fertilizantes e defensivos agrícolas. Com a alta do dólar e a queda no valor da saca do café, eles estão tendo que desembolsar mais para levar a mesma quantidade que compravam no ano passado. “Uma tonelada de fertilizantes eu deixava duas sacas e meia. Agora passa das três”, diz Ezildo Guido Reguin, agricultor.

Se por um lado o dólar alto deixa os insumos mais caros, por outro, está evitando uma queda ainda maior no preço do café. “Houve um equilíbrio em função dessa alta. Nós sentimos menos a queda do preço do café. Se nós não tivéssemos essa alta do dólar, talvez a queda no preço interno fosse muito maior”, explica Archimedes Coli Neto, presidente do Cento de Comércio de Café - MG.

O agricultor Arnaldo Reis Caldeira teve sorte. No final do ano passado ele comprou todos os fertilizantes e defensivos em uma feira da cooperativa. Agora ele está tranquilo e acredita que economizou de 15 a 20%. "Eu comprei 120 toneladas que dá para cobrir minhas necessidades do ano todo", diz.

Na bolsa de Nova York, o café teve uma queda de 0,4% na semana. Toda essa situação travou o mercado do arábica. Em Minas e em São Paulo, essa semana, praticamente não houve negócios.

Já a saca do conilon em São Gabriel da Palha, Espírito Santo, foi vendida na sexta-feira por R$ 287. Preço estável na semana.