Conab estima uma colheita de 28,936 milhões de sacas de 60 quilos em Minas Gerais neste ano, alta de 29,7%/Divulgação

Projeção de safra menor no próximo ano leva o setor a administrar a comercialização do grão

Os cafeicultores de Minas Gerais estão comercializando a safra com maior cautela e administrando os estoques pensando no próximo ano. A posição se deve às perspectivas de uma safra bem menor em 2017, em função do estresse hídrico sofrido nos últimos anos e à grande produtividade alcançada em 2016, o que causa enfraquecimento da planta. Os preços atuais, entre R$ 500 e R$ 510 por saca de 60 quilos do tipo arábica garantem a rentabilidade na maioria das regiões produtoras, mas podem ser insuficientes se forem levadas em conta as perdas registradas nos últimos anos e a expectativa de queda produtiva em 2017.

A safra 2016 foi marcada por um volume alto de produção, que a princípio não era esperado. Em Minas Gerais, principal estado produtor de café, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima uma colheita de 28,936 milhões de sacas de 60 quilos, volume 29,74% superior ao registrado na safra passada, que sofreu impactos relevantes da estiagem. Do volume total, 28,61 milhões de sacas são do café arábica e 318,43 mil sacas são do tipo conilon.

A situação do parque cafeeiro estadual é preocupante. De acordo com o diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) e presidente das Comissões de Cafeicultura da Faemg e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Breno Mesquita, nos últimos anos, a produção de café sofreu muito com a falta de chuvas, e 2016 foi marcado pela alta produtividade. Por isso, os cafezais estão depauperados, fazendo com que a expectativa para a próxima safra seja de queda. Ainda não foi possível mensurar o índice de retração no volume de café a ser colhido.

“O Brasil colheu uma safra generosa, em torno de 48 milhões a 49 milhões de sacas, mas a grande preocupação é justamente a safra do ano que vem. Todos concordam que em 2017 haverá queda bem forte na safra das duas variedades, arábica e conilon. Se as condições climáticas continuarem favoráveis, ainda assim, teremos uma safra bem menor, mas se o clima não contribuir a situação será ainda mais grave”.

Mesquita acredita que o cafeicultor precisa estar bem preparado para enfrentar o próximo ano, que tende a ser desafiador. A constante avaliação do mercado, dos preços, a venda planejada do café e o controle rigoroso dos custos são ações que devem ser seguidas já que podem evitar prejuízos no próximo ano.

“Os preços atuais, que estão em torno de R$ 500 e R$ 510 por saca de 60 quilos, remuneram o cafeicultor na maioria das regiões produtoras. Mas o produtor precisa fazer as contas e administrar bem os estoques para o próximo ano, pensando na queda da produção. Quando levamos em conta esta possível redução e as perdas acumuladas nos anos anteriores, é possível que a conta não feche ou os produtores trabalhem com margem muito limitada, caso os preços do café não sejam reajustados”, explicou.

Abastecimento interno - Outro desafio será a manutenção do abastecimento interno, uma vez que os estoques estão baixos, enquanto as exportações e a demanda da indústria nacional em alta. A seca nos Espírito Santo, maior produtor de conilon, limitou a oferta do grão e a demanda pelo café arábica tende a crescer, o que pode elevar os preços do grão.

“Estivemos reunidos, em Brasília, com representantes da indústria e dos exportadores para conversarmos sobre a baixa oferta de café. Nossa preocupação é não prejudicar o mercado interno, que é tão importante para toda a cadeia. Precisamos manter a normalidade, por isso, o governo esta leiloando os estoques, que devem girar em torno de 1,5 milhão de sacas para garantir o abastecimento da indústria”.