Após quedas até as primeiras semanas de julho, os cafeicultores de Uganda estão segurando seus estoques até os preços globais voltarem a subir. No fechamento do pregão da sexta-feira, o preço do índice composto da Organização Internacional do Café (OIC) estava em 107,26 centavos de dólar, muito mais baixo do que custava em junho.

De acordo com a OIC em junho de 2018, o indicador composto diminuiu em 2,6% para uma média de 110,44 centavos de dólar por libra, a menor média mensal desde dezembro de 2013. “Os preços de todos os grupos de café caíram em junho de 2018, embora a maior queda mensal tenha ocorrido nos Naturais Brasileiros, que declinaram 3,7%, para 115,10 centavos de dólar por libra”, disse o relatório.

Os preços baixos do café, de acordo com especialistas do setor, estão concentrados nos bolsos dos produtores, especialmente em países como Uganda, onde as condições econômicas estão ficando difíceis.

Emmanuel Iyamulemye, diretor-executivo da Autoridade de Desenvolvimento de Café de Uganda (UCDA, na sigla em inglês), em entrevista à revista Prosper, disse que os preços desfavoráveis do café levaram ao acúmulo do estoque. "Os produtores também estão mantendo o estoque em antecipação a um preço mais alto", disse. “Os preços baixos não atraíram os exportadores para fazer contratos”.

Perdas
Algumas empresas estão presas a grandes volumes de café processado, enquanto outras estão comprando café com perdas para cumprir seus contratos.

Experiência
Compartilhando sua experiência, Joseph Nkandu, diretor executivo da União Nacional do Agronegócio do Café e Empresas Agrícolas (NUCAFE), disse: “Nós assinamos contratos para fornecer a alguns de nossos compradores. Mesmo quando os preços globais caem, essa obrigação deve ser cumprida”.

Nkandu, que acredita que estas são especulações, no entanto espera que no próximo ciclo os preços subam. "Este é o momento certo para aqueles que não estão no negócio para começar, porque os preços estão em baixa, o consumo está em alta", compartilhou. Ele deu o exemplo da China, que é outra grande plataforma para o mercado de café, além da Europa e dos Estados Unidos.

O Nucafe é uma organização associativa com 200 cooperativas/associações de produtores rurais, com 1.1120 famílias agricultoras e 1.512.210 cafeicultores individuais nas cinco regiões produtoras de café da Uganda, que é o principal exportador de café da África, com um volume anual de 4,6 milhões de sacas, avaliadas em US $ 508 milhões.

Espera-se que este volume atinja 20 milhões de sacas até 2025, devido ao aumento da produção em todo o país, mesmo em lugares que nunca cultivaram café. "A UCDA tem visto plantio de mais de 500 milhões de mudas nos últimos três a quatro anos e eles começaram a contribuir para volumes", disse Iyamulemye. Segundo ele, a introdução da produção de café para novas áreas, como o norte da Uganda e algumas partes de Busoga e Bunyoro, impulsionará os volumes.

As informações são do http://www.monitor.co.ug. / Tradução Juliana Santin