São Paulo, 13/08/2019 – Fatores macroeconômicos – e seu reflexo no câmbio – deverão guiar os futuros de café na sessão desta terça-feira. Ontem, os contratos tiveram queda expressiva em decorrência da alta do dólar ante o real. O recuo foi causado pelos resultados das primárias eleitorais na Argentina, que levaram a mais uma onda de aversão ao risco. A moeda norte-americana ontem chegou a bater os R$ 4,00 durante o dia. Caso a pressão sobre o real continue, a queda do café deverá se manter. Se a moeda brasileira permanecer estável ou conseguir se valorizar no dia de hoje, os futuros podem ter recuperação técnica. Uma possível frente fria no Sudeste do País também fica no radar do mercado.

 

Na sessão de ontem, o vencimento setembro do arábica perdeu 355 pontos (3,65%) e terminou em 93,75 cents por libra-peso, depois de atingir mínima de 93,40 cents e máxima de 97,25 cents. Assim como nas últimas sessões, o contrato foi pressionado pelo dólar mais forte ante o real. Como o Brasil tem ligações econômicas fortes com a Argentina, o resultado das primárias eleitorais no país vizinho, que deu vantagem ao kirchnerismo, respingou na moeda brasileira. “A crise cambial está pressionando muito o mercado”, disse o presidente da Hackett Financial Advisors, Shawn Hackett, à Dow Jones Newswires.

Outro fator que terá papel importante na formação de preços é o Brasil – em especial, o clima nas regiões produtoras. A Somar Meteorologia projeta frente fria sobre o Sudeste a partir de hoje, com chuvas no leste paulista, no sul de Minas Gerais e em parte do Rio de Janeiro. Na quarta-feira, a temperatura deve continuar caindo na região, prevê a Somar. Caso o clima se torne desfavorável para as culturas cafeeiras no Brasil, os contratos podem ensaiar recuperação na sessão de hoje.

As exportações brasileiras de café solúvel tiveram queda em julho deste ano na comparação com igual período de 2018, informou ontem a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics). Em volume, as vendas externas caíram 3,46% na comparação anual, para 326.815 sacas de 60kg. A receita no mês teve queda ainda mais considerável, refletindo o recuo dos preços da commodity: 17,48%, para US$ 46,26 milhões. As exportações totais no acumulado dos sete primeiros meses de 2019 ainda apresentam crescimento de 13,63% em relação ao mesmo período de 2018, para 2.315.587 sacas. As receitas, entretanto, recuaram 0,93% no período, para US$ 338,4 milhões.

Os dados tiveram pouca influência nos preços de ontem, possivelmente porque o café solúvel representou apenas 10,3% do total exportado pelo Brasil no mês, de acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). As exportações totais de julho tiveram alta de 28,2% em volume e de 5,1% em receita na comparação anual, conforme informou na sexta-feira o Cecafé.

Os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) informaram em boletim diário que as cotações do café arábica tiveram forte recuo mercado doméstico.O Indicador Cepea/Esalq do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, posto na capital paulista, fechou a R$ 402,23/saca de 60 kg, baixa de 1,4%.

Para o robusta, os preços foram sustentados pela alta do dólar no mercado internacional e “pela retração vendedora”, segundo o Cepea. O Indicador Cepea/Esalq do tipo 6 peneira 13 acima fechou a R$ 78,36/saca de 60 kg, praticamente estável (+0,02%). O tipo 7/8 bica corrida terminou em R$ 269,30/saca, alta de 0,6% – ambos à vista e a retirar no Espírito Santo.

Fonte : Agência Estado