O investimento em tecnologia tem proporcionado bons resultados na Fazenda Santa Helena, localizada na Serra do Salitre, região do Alto Paranaíba em Minas Gerais, e especializada na produção de café. Após a implantação da irrigação por gotejamento e sistema de fertirrigação, que é feito com os mesmos equipamentos, a produtividade do cafezal aumentou em torno de 100% e a economia da água chegou a 70%, o que tornou a produção mais sustentável e competitiva no mercado.

De acordo com o engenheiro agrônomo da Fazenda Santa Helena, Marcelo Aoki, o investimento no sistema de gotejamento ocorreu após o aumento de problemas enfrentados com o clima, principalmente em relação à baixa freqüência de chuvas. Em 2008, foi feito o primeiro teste na unidade mineira. No projeto-piloto foram irrigados cerca de 30 hectares, como os resultados superaram as expectativas o sistema foi expandido por toda a área cultivada, hoje em 380 hectares.

"Com a irrigação gotejada, além de alcançarmos uma maior eficiência produtiva, ainda tivemos uma economia de água em torno de 70%, quando comparado com o volume gasto no sistema de pivô. Dessa forma, a nossa cafeicultura ficou mais sustentável e competitiva, já que os custos ficaram menores", observou.

A partir da instalação do sistema de irrigação por gotejamento, a produtividade dos cafezais que alcançava entre 28 sacas e 30 sacas de 60 quilos por hectare por safra, passou para 62 sacas de 60 quilos por hectare. Além de concentrar a disponibilidade de água no pé do cafeeiro, o que atende melhor a demanda da planta em tempos de estiagem, como o observado nas últimas safras, as perdas na produção são minimizadas. "Com o sistema de gotejamento é possível amenizar os prejuízos causados pela falta de chuvas o que é muito comum na região do Cerrado", disse.

Os cuidados com os cafezais foram intensificados com a implantação do gotejamento. Segundo Aoki, através do sistema é possível fazer a fertirrigação, que pode ser aplicada em três níveis: a tradicional, a nutri-irrigação e nutri-irrigação intensiva.

"São níveis de tecnologia, do mais básico ao mais top, que promovem a nutrição da planta conforme a necessidade e geram economia de recursos, principalmente de mão de obra, já que o operacional é otimizado. O sistema também aumenta a eficácia dos produtos pois os mesmos são aplicados próximo às raízes, facilitando a absorção dos produtos", avaliou.

Negociações - De acordo com o gerente Agronômico da Netafim, indústria especializada em irrigação, Carlos Sanches, a demanda pelo sistema de gotejamento é crescente. "Os cafeicultores estão entre os nossos principais clientes. Somente em relação a 2014, o faturamento gerado com as negociações voltadas para a cultura ficou 30% superior e o número de clientes cresceu 40%. Se avaliarmos a situação do País, o mercado de café está bom e o investimento na irrigação por gotejamento é vantajoso. Minas Gerais é o principal Estado atendido, com destaque para o Cerrado e o Sul", explicou.

Segundo Sanches, a economia no volume de água proporcionada pelo gotejamento pode chegar até 70% quando comparada com a irrigação por aspersão. O sistema por gotejamento também é avaliado com uma das principais formas de evitar perdas em decorrência de problemas climáticos.

"O gotejamento é o sistema mais inteligente para a irrigação, isso por liberar a água e os nutrientes onde a planta precisa. Em um momento de escassez hídrica é importante a conscientização dos produtores, que precisam produzir alimentos de forma sustentável e o gotejamento atende a esta necessidade", acrescentou.

Ainda segundo Sanches, o investimento tem retorno garantido. Ele cita que a produtividade média do café no Brasil está abaixo de 20 sacas de 60 quilos por hectare. No Cerrado, onde o nível tecnológico é maior, a produtividade alcança de 35 sacas e 40 sacas. Já nas áreas onde o sistema de gotejamento é implantado o volume pode chegar a 60 sacas por hectare.

"O ganho econômico é muito expressivo. Se pegarmos a produção do Cerrado e implantarmos o gotejamento, por exemplo, com a saca de café cotada a R$ 500 e o aumento de 20 sacas por hectare o produtor agrega R$ 10 mil por hectare, a viabilidade financeira é compensatória", explicou Sanches.