Equipes da Fundaccer, Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Epamig e Embrapa Café percorreram, na última semana, seis cidades da região do Cerrado Mineiro, com a Rodada Integra Cerrado Mineiro e os Dias de Campo do Projeto Unidades Demonstrativas de Cultivares de Café.

Foram seis dias de campo, mais de mil quilômetros rodados e cerca de 600 participantes. O projeto Unidades Demonstrativas de Cultivares já teve o investimento de mais de R$ 1,2 milhão. Ao todo são 26 campos experimentais, instalados em 12 municípios, para estudo de 12 variedades de café. Neste ano, que é o primeiro ano de colheita das unidades, serão avaliados o desenvolvimento inicial, a produtividade, o clico de maturação, a qualidade de bebida, resistência a pragas e doenças, entre outras variáveis.

As unidades, que estão localizadas entre 870 a 1.200 metros de altitude, trazem uma boa representatividade do terroir Cerrado Mineiro. Existem lavouras em condições de sequeiro e irrigadas, tanto por pivô central, como por gotejo. O espaçamento e a condução da lavoura são próprias de cada cafeicultor, trazendo também o costume de cada microrregião. Durante os dias de campo, os proprietários de cada unidade dividiram com os produtores todos os tratos culturais que foram utilizados.

Diogo Tudela, da Fazenda Castelhana em Monte Carmelo, um dos produtores que possuem uma Unidade Demonstrativa, explica a razão para participar do projeto: “A pesquisa é a grande vantagem competitiva que nós temos, que nos gera informação. Se não investirmos em pesquisa e tecnologia seremos deixados para trás. Hoje, para implantarmos uma lavoura de café, independente da variedade o custo é o mesmo, precisamos conhecer as novas variedades para avaliarmos quais estão mais adaptadas ao clima, solo e manejo da propriedade, podendo, assim, escolher as mais produtivas”.

Estão sendo avaliadas para as condições do Cerrado Mineiro as cultivares: Catuaí Vermelho IAC 144 (testemunha de produtividade), Bourbon Amarelo IAC J10 (testemunha de qualidade de bebida), Topázio MG 1190, MGS Epamig 1194, Catiguá MG2, MGS Catiguá 3, MGS Ametista, Pau Brasil MG1, MGS Paraíso 2, MGS Aranãs, Sarchimor MG 8840 e IAC 125 RN.

O pesquisador da Embrapa Café, Dr. André Dominghetti Ferreira, destaca o grande interesse gerado pelos resultados. “Percebemos que os produtores estavam ávidos pelos resultados destas cultivares. Um ponto muito importante foi a possibilidade de apresentar o desempenho delas no ambiente produtivo, e como há muita interação entre os materiais genéticos e os ambientes. Então não há como recomendar apenas uma cultivar para toda a extensão da região do Cerrado Mineiro, pois existem variações de altitude, temperatura, pluviosidade, entre outros. Os resultados da primeira colheita já evidenciam a importância do projeto das Unidades Demonstrativas para o Cerrado Mineiro”, finalizou o pesquisador.

O produtor André Bauer, da empresa DIMAP, que foi terceira colocada da categoria Cereja Descascado da última edição do prêmio Região do Cerrado Mineiro com a variedade MGS Catiguá 2, acredita que precisamos pesquisar sempre. “A evolução genética cafeeira está acontecendo e nós temos que acompanhar, não existe uma verdade absoluta, precisamos evoluir sempre. Este tipo de evento é fundamental para difundir conhecimento e agregar as pessoas interessadas na evolução da cafeicultura no Cerrado, mantendo sempre renovado o espírito da busca por tecnologia, produtividade e diminuição de custos” concluiu.

Aproximadamente 600 pessoas participaram dos dias de campo, o que reflete a busca do produtor por variedades que apresentam melhor comportamento na condição do Cerrado Mineiro. Para o pesquisador da Epamig, Dr. Gladyston Carvalho, o objetivo dos dias de campo foi batido. “Conseguimos superar a nossa expectativa, tanto em número de participantes, quanto na qualidade técnica. O nível das discussões foi altíssimo, o modelo funcionou muito bem, com grande adesão dos produtores daquelas microrregiões. Esse sem dúvida é o maior projeto de transferência de tecnologia no âmbito das cultivares, ficando claro que ações isoladas não funcionam, sejam institucionais ou de produtores, esse projeto beneficia toda uma região”, finalizou.

O objetivo é que ao final do projeto seja elaborado um guia de recomendação de variedades adaptadas ao Cerrado Mineiro. O coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento da Fundaccer, Dr. João Paulo Felicori Carvalho, explica que os resultados devem ser considerados a longo prazo. “Temos dados interessantes em mãos, mas vale lembrar que são apenas da primeira colheita. Recomendo que o produtor tome sua decisão em função de mais dados de produção (pelo menos dois biênios), com isso ele será mais assertivo na escolha. Ao final do projeto, teremos uma base que poderemos utilizar para construir um guia de recomendação regionalizada para região do Cerrado Mineiro dessas cultivares testadas”, comentou.

O projeto segue até 2022 e todos os anos novas rodadas de Dia de Campo serão realizadas, sempre em fazendas diferentes, dando a oportunidade dos produtores conhecerem mais Unidades. Nesta edição os dias de campo aconteceram em Patrocínio, Monte Carmelo, Araguari, São Gotardo, Carmo do Paranaíba e Araxá.

O projeto é uma iniciativa da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Fundaccer e Epamig. Conta com o apoio do CNPq, Consórcio Pesquisa Café, INCT Café e Emater. A Rodada Integra Cerrado Mineiro contou com o apoio das Cooperativas e Associações filiadas à Federação dos Cafeicultores do Cerrado, do Sebrae e o patrocínio da Case IH, UPL e Lallemand.