O consumo de cafés em cápsulas segue em crescimento no Brasil. Com a demanda maior, também é crescente a preocupação em relação ao descarte correto das cápsulas. A Nespresso, sediada na Suíça e pioneira na comercialização de cafés em cápsulas, investe na reciclagem das embalagens de alumínio no País e um dos grandes desafios é conscientizar os consumidores a devolverem as embalagens para ser recicladas. No Brasil, a empresa tem capacidade de reciclar 60% do volume de cápsulas vendidas pela marca. Porém, o índice de devolução e reciclagem chega a apenas 11%.  

A preocupação em reciclar as embalagens é grande devido à tendência de crescimento do consumo dos cafés em cápsulas. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), a expectativa é que entre 2016 e 2020 o consumo desta modalidade cresça 17,5% ao ano. O índice é bem alto quando comparado com as demais formas de consumo da bebida. Para se ter ideia, no mesmo período, o consumo de café em grão torrado tende a crescer 3,7% por ano e em pó, 2,9% ao ano. O consumo de café em cápsulas deve passar das 10 mil toneladas em 2016 para 18 mil toneladas em 2017, respondendo por cerca de 1,5% do consumo total do grão no Brasil.

A diretora de Café e Sustentabilidade da Nespresso, Cláudia Leite, explica que as cápsulas utilizadas pela empresa são de alumínio, único material que de fato protege o frescor do café e, além disso, é 100% reciclável, fatores que incentivam o uso.

“Já estudamos outros materiais e seguimos estudando e até hoje não encontramos um que proteja o frescor do café como o alumínio. Além disso, sabemos que ele é 100% reciclável e que 95% de todo o alumínio que circula no mundo vem de uma reciclagem. A cápsula Nespresso tem alumínio e pó de café. No Brasil temos 33 pontos de comercialização e coleta das cápsulas utilizadas. Estes pontos dão acesso a mais de 60% dos nossos consumidores e sempre pedimos que ele devolva a cápsula após o consumo para darmos continuidade ao processo”, disse.

Ainda segundo Cláudia, a expectativa é que a reciclagem das cápsulas cresça ao longo dos próximos anos. Um dos principais desafios é estimular os consumidores para que eles entreguem as cápsulas utilizadas. O volume de cápsulas comercializadas no País não é divulgado pela empresa.

“No País, a Nespresso tem condições de reciclar 60% das cápsulas, mas o índice de devolução é de apenas 11%. Precisamos chegar a 100% da capacidade. Nossa capacidade de reciclagem instalada é para fazer seis vezes o que fazemos hoje. Nós sabemos que temos que avançar e estamos investindo para que isso aconteça”.

Presente no Brasil há 11 anos, a Nespresso iniciou a reciclagem das cápsulas em 2011. O processo foi desafiador uma vez que no País não existia projetos de reciclagem para as embalagens e nem interesse por parte das cooperativas especializadas na reciclagem do alumínio. A solução foi o desenvolvimento de uma máquina própria para separar o alumínio do pó de café.
 
Parcerias
- Em outros países, a reciclagem conta com o apoio do governo que, em parceria com as empresas, viabilizam todo o processo. Cláudia explica que na Europa o processo de reciclagem foi iniciado em 1991. Na Alemanha, por exemplo, a reciclagem começou em 1993 e hoje a Nespresso recicla 100% das cápsulas comerciadas no País.

“Na Alemanha a reciclagem é feita via governo, com recursos das empresas e, com isso, todo mundo se beneficia. Chegamos em 2006 no Brasil e queríamos começar com a reciclagem, mas não existia o processo no País. Em 2011, conseguimos fechar todo o ciclo com o desenvolvimento de um equipamento próprio. Hoje, fazemos a logística reversa, o caminhão que entrega as mercadorias nos 33 pontos de vendas recolhe as cápsulas usadas para serem recicladas. No Brasil, para circularmos com as cápsulas sujas precisamos de nota fiscal, o que dificulta o processo e limita a abertura de novos pontos”.


De adubos a esquadrias
- As cápsulas usadas e recolhidas são destinadas ao Centro de Distribuição (CD), onde também está instalado o centro de reciclagem da Nespresso, em Barueri, São Paulo. No local, o material é selecionado e separado. O pó de café é enviado a uma empresa que faz a compostagem e produz adubo orgânico. O alumínio é destinado a uma indústria química que limpa mais uma vez o material. O alumínio reciclado é utilizado para a fabricação de novos produtos como esquadrias, aros de bicicletas e outros produtos.

“Nós temos o compromisso de produzir de forma sustentável e queremos incentivar cada vez mais os consumidores a devolverem as cápsulas. Hoje, no Rio de Janeiro e em São Paulo, já utilizamos carros elétricos para recolher as cápsulas em empresas e nossa intenção é expandir este serviço para outras cidades. Nas duas cidades que possuem ciclo faixa, também fazemos entregas e recolhemos cápsulas com bicicletas. Estamos estudando as cidades e buscando soluções”, explicou.   

A orientação da Nespresso para os consumidores que não têm acesso aos pontos de coleta das cápsulas é buscar auxílio nas cooperativas que reciclem alumínio.