Praticidade, variedade de possibilidades e qualidade. Se você ainda não se rendeu ao verdadeiro e crescente reinado que as cápsulas de espresso têm exercido no mercado de cafés, saiba que você já é quase uma exceção entre aqueles que amam essa bebida.

O aumento progressivo do consumo dessa modalidade de café surpreende até os mais otimistas da indústria.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), em 2016 esse segmento já representava 0,6% do mercado da bebida no Brasil. Até 2019, segundo a associação, este índice deve chegar a 1,1%. Este número mostra um crescimento anual de 15,3% de 2014 até a progressão de 2019.

No entanto, ao mesmo tempo em que parte dos consumidores e dos fabricantes comemoram este índice, uma outra parcela de quem integra o mercado de consumo de café se preocupa com um problema que vem atrelado a este crescimento quase desenfreado: o que fazer com todas as cápsulas descartadas após o consumo?

A boa notícia é que já começa a chegar no Brasil uma modalidade de cápsula de café biodegradável — e é sobre ela que vamos falar aqui no nosso post de hoje. Entenda de onde veio a necessidade de criar esse produto, como ele funciona e quais são as próximas tendências para este mercado.

Café ecológico: o mundo atento à reciclagem

 

 

Ao mesmo tempo em que o mercado de alimentos esforça-se para ser cada vez mais sustentável, consumidores conscientes e especialistas em meio ambiente notaram, que na contramão, o descarte das cápsulas consumidas não seguia o mesmo caminho.

 

Feitas em sua maioria de componentes como alumínio e plástico, todos potencialmente recicláveis, as cápsulas usadas nem sempre acabam tendo a destinação correta e chegam à natureza como dejetos que demoram de centenas a milhares de anos para se decompor.

E, ao contrário do que possa parecer, este não é um problema exclusivamente brasileiro. A situação chegou a alcançar níveis tão preocupantes, que Hamburgo, a segunda maior cidade da Alemanha, proibiu que seus prédios públicos comprassem este tipo de café justamente pela dificuldade de reciclagem dos detritos consumidos.

Para se ter uma ideia das dimensões desse problema, estima-se que, anualmente, cerca de 8 bilhões de cápsulas de café usadas são descartadas ao redor do mundo.

Enquanto isso, o mercado crescia de forma surpreendente e poucas marcas começaram a se preocupar realmente com as questões ambientais provocadas pelo problema do descarte das cápsulas.

A partir daí, começaram a surgir pesquisas mundiais de como tornar este mercado potencialmente lucrativo em algo, também, socialmente e ecologicamente correto.

Cápsula de Café 100% Biodegradável: um passo Sustentável

Por mais que as maiores marcas de café disponibilizem, em sua maioria, serviços de coleta e descarte das cápsulas usadas, essas ações não são totalmente efetivas, tendo em vista o grande número de embalagens descartadas ao redor do mundo e sem destino correto.

Além disso, vários estudos comprovam que as emissões de gases decorrentes do transporte dessas cápsulas por caminhões ou navios, até o centro de reciclagem, geram ainda mais poluição e não resolvem o problema. Ou seja, grandes marcas vendem a ideia de algo sustentável, mas na verdade estão ganhando dinheiro com a reutilização do alumínio! Uma verdadeira armadilha para o consumidor! 

Assim, laboratórios e empresas ao redor do mundo passaram a buscar alternativas ainda mais eficientes para lidar com este problema eminente. A solução, na verdade, chegou mais rápido e com mais êxito do que se esperava.

Veio diretamente do Canadá a primeira solução inteligente e sustentável para esse conflito ambiental: a cápsula de café biodegradável. A empresa Club Coffee, que fica em Etobicoke, distrito de Toronto, lançou uma opção ecológica e que substitui os produtos comercializados normalmente.

Mais do que apenas reciclável, as cápsulas dessa empresa são compostáveis. Ou seja, podem ser descartadas junto ao lixo orgânico — restos de alimentos, por exemplo — que ainda assim são decompostas em cerca de cinco semanas.

A 1ª Cápsula 100% Biodegradável do Brasil: Pioneirismo e Inovação no Villa Café

Vendo que o mundo todo já se preocupava em desenvolver tecnologias para o problema do descarte das cápsulas, o Villa Café acreditou que também poderia fazer sua parte pelo meio ambiente. Sendo assim, através de pesquisa e parcerias globais, a indústria chegou ao Compostible PP, um polipropileno que se decompõe naturalmente e é recomendado para alimentos, pois suporta alta temperatura e não muda o gosto das bebidas! Tanto o copinho da cápsula, quanto a tampinha e o café irão se decompor entre 30 a 180 dias, dependendo do solo onde for descartada.

A empresa ficou fora do mundo das cápsulas compatíveis Nespresso até que encontrasse a solução que alie Sustentabilidade e Qualidade. De acordo com Rafael de Oliveira, Diretor do Villa Café, “a ansiedade de entrar nesse mercado não poderia ser maior que a necessidade de fazer a coisa certa e entregar uma opção de cápsula biodegradável ao nosso cliente é um orgulho enorme e até mesmo um alívio. Podemos continuar vendendo muito sem a menor preocupação!”

Para garantir o resultado, foram atendidas as normais internacionais do EN-13432, que podem ser verificadas no link http://www.okcompost.be/data/pdf-document/Doc-09e-a-Requirements-of-norm-EN-13432.pdf (em inglês).

O “Custo” da Sustentabilidade

Para que a cápsula seja 100% biodegradável, a tampa e o copo não podem ter arte, como é comumente visto nas cápsulas, assim como deve ser preservada a textura natural do polímero. Isso resulta numa cápsula com um aspecto um pouco diferente, como visto abaixo:

“Ela é uma tampinha simples, alguns diriam que é até mais feia. Porém ela se decompõe e não necessita ser reciclada. Na nossa opinião, isso é muito lindo, certo?”, afirma Rafael de Oliveira, feliz com seu novo produto, enquanto degustava uma xícara cremosa do Villa Café Santa Origem.

Entendendo a origem do conceito: cápsulas feitas do próprio café

Voltando à Club Coffee, precursora da cápsula biodegradável, vemos de onde a ideia se desenvolveu. Para chegar à cápsula ecológica, as pesquisas da empresa canadense levaram em conta a ineficiência da reciclagem proposta às cápsulas de plástico e alumínio já existentes. Viram que só seria eficiente a reciclagem se os consumidores separassem, em cada cápsula, o filtro, a tampa e os resíduos de café da embalagem.

Ainda assim, muitas operações de reciclagem não processavam itens de tamanho pequeno como esse, o que acabava, mesmo com as boas intenções do consumidor, não resolvendo os problemas.

A ideia, então, foi pensar em algo biodegradável e que fosse de fácil para decomposição no meio ambiente. A solução foi encontrada mais próxima do que se poderia imaginar: no próprio café.

As novas embalagens foram feitas a partir dos restos de casca obtidos na torra do café. Batizado de PurPod100, este produto não utiliza novas matérias-primas durante a sua fabricação: ou seja, tudo que está ali foi retirado da natureza e pode voltar a ela sem trazer danos.

O conceito principal é reutilizar esses resíduos do café. Quando o material é unido, a partir dele cria-se uma espécie de bioplástico completamente compostável. Ou seja, pode ser recolhido para as indústrias corretas, utilizado para adubagem em plantas ou, ainda, descartado como lixo normal.

Apoio de cientistas e Apaixonados por Café que buscam a Sustentabilidade

Para chegar a este material final, a indústria conversou com especialistas em café, universidades do país e cientistas.

O resultado foi uma cápsula feita toda com produtos biodegradáveis: o selo é feito com papel e impresso com tinta orgânica, a malha, que fica responsável pelo armazenamento do pó, feita com os resíduos o café, e o anel de encaixe na máquina, feito com resinas de fontes renováveis e bioplástico.

A ideia inspirou empresas e indústrias ao redor do mundo a desenvolverem pesquisas no mesmo âmbito para encontrarem outros materiais possíveis e em formatos compatíveis com as principais marcas do mercado. Na Espanha, por exemplo, modelos semelhantes já começam a chegar no mercado e, a partir dali, ganham espaço em outros países da Europa.

No Brasil ainda é bem difícil encontrar marcas e empresas que apostem e invistam neste novo modelo de negócio: em sintonia com o novo olhar que o mundo espera das grandes empresas.

Caberá ao consumidor fazer a seleção pelas empresas que prezam pela qualidade do produto oferecido, em consonância ao respeito pelo meio ambiente e as próximas gerações. Estamos muito felizes por já poder oferecer essa opção a você!