O dirigente da ABIC citou o Papa Francisco quando tratou do assunto importação.

Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) / Agência SAFRAS

Porto Alegre, 25 de novembro de 2016 - O 24 Encafé (Encontro Nacional das Indústrias do Café) iniciou na quarta-feira, na Ilha de Comandatuba, no município de Una, na Bahia. Um dos destaques na abertura, que envolveu discursos de autoridades e de representantes da indústria e da ABIC (Associação Brasileira da Indústria do Café), foi a importância de se discutir no Brasil o assunto "importação de café". O presidente da ABIC, Ricardo de Souza Silveira, enfatizou a necessidade de se tocar e debater esse assunto polêmico dentro da cadeia café.

O dirigente da ABIC citou o Papa Francisco quando tratou do assunto importação. Fez o paralelo de que o Papa tem tratado de questões polêmicas para a Igreja, como homossexualismo. "Temos que usar o exemplo do Papa. Queremos discutir assuntos que antes eram proibidos!". Ele salientou que a importação de café no Brasil é mesmo um tópico delicado e complexo. Mas observou que outros países lidam com isso com naturalidade num mundo globalizado.

Ricardo Silveira afirmou que o setor industrial está ficando sem mercado com essa impossibilidade de importação. Afora ser a favor ou contra importações, o dirigente disse em seu pronunciamento que "somos a favor do livre mercado, e contra o favorecimento de determinados segmentos". Lembrou que praticamente todos os produtos agrícolas no Brasil são exportados e também importados. "Por que não podemos comprar café de quem a gente quiser? Sou a favor do mercado, e não da importação", ponderou. Ele criticou ainda o fisiologismo dos políticos nessa questão envolvendo as importações do café.

Ele falou ainda sobre a importância de se garantir um preço justo ao consumidor, que ele possa pagar no café. Podendo comprar cafés de outras origens a indústria poderia também garantir um preço mais justo ao consumidor final.

O presidente do Grupo Café 3 Corações, Pedro Lima, disse em sua
participação na abertura do Encafé que o consumidor quer cada vez um café de melhor qualidade com um preço mais justo. "É importante para a indústria brasileira comprar de outras origens para fazer diferentes blends para o consumidor", salientou. "Podemos trazer de vários países", defendeu. Ele argumentou ainda que não tem sentido o Brasil colocar na prateleira cafés industrializados importados (como o colombiano) e o industrial brasileiro não poder comprar café em grão de outros países, para posteriormente industrializá-lo e vendê-lo.