Boletim semanal Escritório Carvalhaes - ano 90 - n° 20
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Santos, sexta-feira, 26 de maio de 2023
Os operadores no comércio global de café parecem acreditar que a nova safra brasileira, com sua colheita começando a deslanchar, resolverá sozinha os problemas de abastecimento do mercado mundial de café. Em suas análises, não colocam o mesmo peso nos indicadores que apontam para um cenário de aperto entre produção e consumo mundial.
Representantes dos principais importadores de cafés do Brasil estão no País. Vieram participar do “Coffee Dinner & Summit”, tradicional evento realizado a cada dois anos pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), ocorrido ontem e hoje em São Paulo, e, para visitar as principais regiões produtoras de café no Brasil, nesta época de início dos trabalhos de colheita. Podem assim verificar pessoalmente o estado dos cafezais e ajustar suas percepções sobre o tamanho e a qualidade de nossa nova safra 2023/2024.
Esta semana, as bolsas de Nova Iorque e de Londres apresentaram balanço negativo. Na ICE americana, as perdas foram mais acentuadas. Hoje, Nova Iorque trabalhou em baixa moderada e Londres operou em alta.
Ontem, na ICE americana, os contratos para julho próximo bateram em US$ 1,8840 na máxima do dia e encerraram o pregão com perdas de 530 pontos, a US$ 1,8270 por libra peso. Hoje, esses contratos bateram em US$ 1,8480 na máxima do dia e fecharam em baixa de 110 pontos, a US$ 1,8160 por libra peso. No balanço da semana, esses contratos caíram 1.040 pontos. Na semana passada, subiram 915 pontos. No último mês de abril, os contratos para julho em Nova Iorque subiram 1.625 pontos. Na ICE Europe, em Londres, os contratos de robusta para julho próximo caíram, ontem, 20 dólares por tonelada. Hoje, subiram 21 dólares e fecharam a semana a 2.574 dólares por tonelada. Na semana somaram queda de 14 dólares por tonelada.
Os estoques de cafés certificados na ICE Futures US caíram, ontem, 10.855 sacas, e hoje caíram mais 11.285 sacas. Fecham a semana em 598.493 sacas. Há um ano eram de 1.081.923 sacas, quando já eram considerados baixos e muito preocupantes. Recuaram, neste período, 483.430 sacas. Nesta semana caíram 31.317 sacas. Na semana passada, a queda acumulada foi de 14.925 sacas. No mês de abril, a queda foi de 62.731 sacas, 8,5% menos café que as 742.894 sacas existentes no último dia de março.
O relatório mensal sobre Mercado de Café – Abril 2023, da Organização Internacional do Café (OIC), informa que a produção mundial de café prevista para a safra 2022/2023 foi estimada em 171,3 milhões de sacas, volume que, caso se confirme, representará um aumento de 1,7% em comparação com a mesma produção global da safra anterior, 2021/2022, que somou 168,5 milhões de sacas do 60 kg. Segundo a OIC, o consumo global em 2021/2022 atingiu 175,6 milhões de sacas, um crescimento de 0,6% em relação ao mesmo período anterior. Com relação à previsão do consumo para a safra atual em curso 2022/2023, a OIC estima que a demanda mundial deverá alcançar ao redor de 178,5 milhões de sacas de 60 kg, um acréscimo de 1,7% ante o mesmo período anterior. E, caso tal consumo se efetive, o mercado de café deverá passar por mais um ano de déficit na oferta mundial, algo em torno de 7,3 milhões de sacas de 60 kg.
A estimativa de produção de café no Vietnã, o segundo maior produtor mundial depois do Brasil, foi reduzida em 6% pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em comparação com a projeção anterior, conforme divulgado na última quarta-feira. A projeção para a colheita do ciclo 2022/23 (outubro a setembro) agora é de 29,75 milhões de sacas de 60 kg. O USDA, no entanto, vê uma recuperação na nova temporada (2023/24), com estimativa de alta de cerca de 5% na produção, para 31,3 milhões de sacas. A agência do governo dos EUA, contudo, disse que os estoques caíram drasticamente no país, e as exportações na nova temporada devem totalizar apenas 27,5 milhões de sacas, o menor volume em três anos (Reuters).
O USDA ainda projetou que a produção de café robusta da Indonésia, terceira maior produtora mundial de robusta, em 2023/2024, cairá 20% no comparativo anual e ficará em 8,4 milhões de sacas, depois que chuvas excessivas impediram a polinização.
A região do Cerrado Mineiro está com os menores estoques de café da história, com a colheita da safra 2023 ainda incipiente e devendo evoluir a partir do final de maio. A avaliação é do presidente da Fundação de Desenvolvimento do Cerrado Mineiro (Fundaccer), Francisco Sérgio de Assis. Informações sobre problemas na produção mundial de café continuam chegando ao mercado semana após semana. Os números sobre o consumo ao redor do mundo permanecem positivos e os estoques de café, tanto nos países produtores como nos consumidores são pequenos, bem abaixo dos números históricos.
O dólar fechou, hoje, em queda de 0,93%, a R$ 4,9890. Ontem, encerrou o dia em alta de 1,66%, a R$ 5,0360. Na sexta-feira passada, terminou o dia em alta de 0,56%, a R$ 4,9960.
Em reais por saca, os contratos para julho próximo na ICE americana fecharam, hoje, valendo R$ 1.198,46. Na sexta-feira passada, fecharam a R$ 1.268,87. Na sexta-feira anterior, fecharam a R$ 1.190,75.
No mercado físico brasileiro de arábica, os compradores diminuíram o valor de suas ofertas ao longo da semana, acompanhando a queda em Nova Iorque. O número de negócios fechados foi baixo. Os produtores continuam retraídos. Ontem e hoje o mercado físico apresentou-se praticamente paralisado. A colheita do café começa a ganhar ritmo no Brasil. O clima seco da última semana ajudou a acelerar os trabalhos, mas, ainda assim, a colheita está um pouco atrasada em relação ao último ano. Segundo a consultoria Safras e Mercado, até o dia 16 de maio, a colheita atingiu 9%, avanço de 4 pontos percentuais ante a semana anterior e está ligeiramente abaixo da média histórica e em relação a 2022. Nesta época, no ano passado, havia sido colhido 10% do café Nacional (fonte: Agência Climatempo).
Até dia 26, os embarques de maio estavam em 1.367.933 sacas de café arábica, 93.080 sacas de café conilon, mais 218.394 sacas de café solúvel, totalizando 1.679.407 sacas embarcadas, contra 2.245.817 sacas no mesmo dia de abril. Até o mesmo dia 26, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em maio totalizavam 2.034.446 sacas, contra 2.451.981 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 19, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 26, caiu, nos contratos para entrega em julho próximo, 1.040 pontos ou US$ 13,76 (R$ 68,63) por saca. Em reais, as cotações para entrega em julho próximo na ICE fecharam, no dia 19, a R$ 1.268,87 por saca, e hoje, sexta-feira, dia 26, a R$ 1.198,46. Hoje, nos contratos para entrega em julho, a bolsa de Nova Iorque fechou em baixa 110 pontos. No mercado paralisado de hoje, são as seguintes cotações nominais por saca para os cafés verdes do tipo 6 para melhor, safra 2022/2023, condição porta de armazém:
R$ 1050/1100,00 - CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
R$ 1040/1070,00 - FINOS A EXTRAFINOS – MOGIANA E MINAS.
R$ 1020/1040,00 - BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
R$ 980/1000,00 - DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
R$ 970/980,00 - RIADOS.
R$ 970/980,00 - RIO.
R$ 900/950,00 - P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
R$ 900/950,00 - P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADA.
DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 4,9890 PARA COMPRA.