O mercado de café apresentou-se em queda e sem negócios nesta segunda semana de 2023. Tradicionalmente, a primeira quinzena de janeiro costuma ser calma e desinteressada para os negócios de café, mas o recuo forte das cotações na ICE Futures US, em Nova Iorque, nestes 15 dias, prejudicaram ainda mais o fechamento de vendas no mercado físico brasileiro, que já vinham acontecendo em volumes abaixo do usual no segundo semestre de 2022.
O sentimento entre os operadores de mercado, de que as chuvas que caem em bom volume sobre os cafezais brasileiros devem levar a uma safra de café maior em 2023 do que era previsto antes do início deste ciclo de chuvas, e a uma produção brasileira de café ainda maior em 2024, derrubaram as cotações na ICE na semana passada e na terça e na quarta-feira desta semana.
As chuvas que estão caindo sobre os cafezais brasileiros são boas e necessárias, mas não levam a novas floradas para a safra 2023. Farão com que os frutos fiquem mais graúdos, mas, em regiões com chuvas mais fortes e acima da média, também provocam a queda de frutos em uma proporção maior, devido aos cafezais enfraquecidos após dois anos de secas e geadas em junho passado.
Em seu “Relatório sobre o Mercado de Café – dezembro de 2022”, a Organização Internacional do Café (OIC) estima que, para o período de outubro de 2022 a setembro de 2023, a produção mundial de café ficará em 167,2 milhões de sacas. Uma queda de 2,1%, se comparada com as 170,83 milhões de sacas colhidas nos doze meses compreendidos no período de outubro de 2021 a setembro de 2022. No mesmo Relatório, o consumo global de café, para o período de outubro de 2022 a setembro de 2023, é estimado em 170,3 milhões de sacas, um crescimento de 3,3%, se comparado ao mesmo período anterior, quando tivemos um consumo global de 164,9 milhões de sacas. Dessa forma, o consumo mundial de café, de outubro de 2022 a setembro de 2023, deverá suplantar o volume total da produção em aproximadamente 3,1 milhões de sacas (fonte: Embrapa Café).
Os estoques de café certificado na ICE Futures US, em Nova Iorque, subiram, hoje, 5.146 sacas. Estão em 850.724 sacas. Há um ano, totalizavam 1.412.316 sacas, caindo, neste período, 561.592 sacas.
Nesta sexta-feira, os contratos de café na ICE em Nova Iorque trabalharam em alta. Os contratos para março próximo bateram em US$ 1,5235 na máxima do dia e fecharam em alta de 230 pontos, a US$ 1,5170 por libra peso. Ontem subiram 550 pontos. Anteontem caíram 700 pontos. Na terça-feira, recuaram 715 pontos. No balanço da semana, caíram 660 pontos. Encerraram a sexta-feira passada a US$ 1,5830 por libra peso. No balanço da semana passada, primeira de 2023, os contratos para março próximo apresentaram queda de 900 pontos. Esses contratos encerraram 2022 valendo US$ 1,6730 por libra peso.
O dólar recuou frente ao real esta semana. Hoje, apresentou alta de 0,12%, fechando a R$ 5,1070. Ontem, recuou 1,54% e fechou valendo R$ 5,1010. Anteontem, caiu 0,40%, e, na terça-feira, fechou em baixa de 1,07%. Na sexta-feira passada recuou forte. Caiu 2,15% e encerrou a semana a R$ 5,2360. Na sexta-feira anterior, encerrou o ano valendo R$ 5,2800.
Em reais por saca, os contratos para março próximo na ICE fecharam a semana hoje valendo R$ 1.024,82. Ontem, terminaram o pregão a R$ 1.008,09. Terminaram a sexta-feira passada a R$ 1.096,41. Encerraram o último pregão de 2022, na sexta-feira anterior, valendo R$ 1.168,49.
Com as cotações em Nova Iorque e o dólar em queda, o mercado físico brasileiro de café arábica apresentou-se calmo por toda a semana. O interesse comprador é grande, mas nas bases de preço oferecidas pelos compradores é praticamente impossível fechar negócios. Não se encontra vendedores nas bases oferecidas pelo mercado, como já havia ocorrido na primeira semana do ano.
Mesmo com o enfraquecimento do corredor de umidade sobre o interior do Brasil, as chuvas continuam ocorrendo com forte intensidade sobre áreas produtoras do Sudeste. Desde o início do mês, muitas localidades entre a região da Alta Mogiana e centro-sul de Minas Gerais já receberam mais de 250 mm. Neste final de semana, são esperados episódios mais esparsos de chuva sobre as áreas produtoras do Sudeste, porque a umidade tende a se concentrar mais sobre o Sul do Brasil, onde uma frente fria vai voltar a espalhar chuvas mais generalizadas. Áreas produtoras do Paraná devem receber mais de 70 mm até o início da próxima semana. Esse sistema deve ser mais atuante entre o Paraná e interior de São Paulo, mas, em meados da próxima semana, a chuva volta a ganhar força novamente entre o norte de São Paulo e o sul de Minas Gerais, onde os volumes podem ultrapassar 70mm do dia 18 a 22 de janeiro. Enquanto isso, os próximos 10 dias serão marcados por chuvas bastante esparsas e com baixos acumulados sobre áreas produtoras do Espírito Santo e da Bahia (CLIMATEMPO).
Até dia 13, os embarques de janeiro estavam em 642.234 sacas de café arábica, 7.964 sacas de café conilon, mais 64.151 sacas de café solúvel, totalizando 714.349 sacas embarcadas, contra 756.863 sacas no mesmo dia de dezembro. Até o mesmo dia 13, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em janeiro totalizavam 1.096.102 sacas, contra 1.293.543 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE do fechamento do dia 6, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 13, caiu, nos contratos para entrega em março próximo, 660 pontos ou US$ 8,73 (R$ 44,59) por saca. Em reais, as cotações para entrega em março próximo na ICE fecharam, no dia 6, a R$ 1.096,41 por saca, e hoje, sexta-feira, dia 13, a R$ 1.024,82. Hoje, nos contratos para entrega em março, a bolsa de Nova Iorque fechou em alta de 230 pontos. No mercado paralisado de hoje, são as seguintes cotações nominais por saca, para os cafés verdes do tipo 6 para melhor, safra 2022/2023, condição porta de armazém:
R$ 1040/1070,00 - CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
R$ 1000/1050,00 - FINOS A EXTRAFINOS – MOGIANA E MINAS.
R$ 960/980,00 - BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
R$ 920/940,00 - DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
R$ 900/920,00 - RIADOS.
R$ 900/920,00 - RIO.
R$ 850/900,00 - P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
R$ 850/900,00 - P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADA.
DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 5,1070 PARA COMPRA.