O principal erro cometido pelos produtores é abandonar frutos que caem no chão durante a colheita e ajudam a disseminar a praga

Uma das principais pragas que prejudicam o desenvolvimento dos cafezais é a broca do café. A broca do café é um pequeno besourinho, com um pouco mais de um milímetro de comprimento, que se multiplica no interior dos frutos de café. O pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Cesar Fanton, conta que a praga ataca as variedades conilon e arábica, mas que o maior problema é para o conilon. ”Essa variedade é cultivada em regiões de clima mais quente, onde o ciclo do inseto é mais curto e se observa um maior número de gerações”, diz. Saiba como a praga se instala no cafezal e confira as dicas para garantir um controle eficaz do problema.

1- Sintomas da broca do café

Segundo o especialista, o produtor consegue identificar que a broca do café atingiu o fruto quando esses apresentam uma pequena perfuração na região da coroa. Já para o café beneficiado, ele conta que os sintomas são as sementes de café perfuradas.

O alojamento da praga acontece quando o adulto da broca perfura o fruto e as sementes e deposita seus ovos. As larvas que nascem desses ovos se alimentam das sementes do café, o que as danifica ou destrói completamente. ”As sementes que são danificadas e permanecem no café beneficiado acrescentam defeitos e reduzem o valor pago ao produtor pelo grande número de sementes brocadas’’, afirma.

2 – Colheita impecável evita a broca do café

Faton diz que o principal erro cometido pelos produtores é deixar os frutos para trás no momento da colheita, porque isso faz com que a praga se dissemine pelo cafezal, atingindo outras plantas. ”A forma mais adequada é fazer uma colheita bem feita, deixando a menor quantidade possível de frutos sem colher nas plantas”, diz. Segundo ele, em caso de altas populações ou fatores que favorecem demais o aumento da infestação da praga, o produtor deve fazer o uso de inseticidas.

3 – Quando a praga ataca?

A praga é mais crítica durante invernos chuvosos, período que varia entre os meses de maio e agosto. Mas Fanton afirma que o principal motivo para o aumento da população de broca do café nas lavouras é o abandono de frutos com a broca, geralmente frutos que caem no solo durante a colheita e ajudam a aumentar a infestação da praga. ”Quanto menor o número de frutos que ficam para trás, menos locais de multiplicação da broca vai haver’’, diz.

O especialista conta que todas as regiões produtoras de café registram a ocorrência da broca. Segundo ele, colheita mal feita, ocorrência de invernos chuvosos ou de clima mais quente agravam o problema. ”A praga pode ocasionar desde a perda total pela completa destruição das sementes, até a perda de qualidade do café beneficiado pela presença de sementes brocadas”, diz.

4 – Disseminação da broca do café

A disseminação da broca do café acontece quando as larvas depositadas no interior dos frutos do café se transformam em pupas e a partir daí se transformam em insetos adultos. ”Da postura dos ovos até adultos, com capacidade de colocar novos ovos, são necessários de 40 a 45 dias’’, diz. Segundo Faton, essa distribuição é ao acaso, mas o inseto tem maior preferência por locais mais úmidos e sombreados. ”Em casos extremos a incidência da broca do café pode chegar a mais de 15%”, afirma.

5 – Boas práticas no cafezal

Faton diz que não é possível evitar a ocorrência da broca do café, mas sim diminuir seus prejuízos através de boas práticas de colheita. ”A broca só atinge as sementes dos frutos produzidos naquele ano. Por isso, o inseto não interfere na capacidade produtiva da planta’’, diz.

6 – Como controlar a broca do café?

Segundo Fanton, o monitoramento para evitar a infestação da broca do café deve começar três meses após o início das floradas, onde o produtor precisa examinar os frutos maiores. ”Depois que a praga foi identificada, o controle é feito com a aplicação de inseticidas, antes que os adultos penetrem nos frutos de café”, diz.

O especialista diz que o controle químico é eficiente quando o produtor identifica as primeiras ocorrências da broca nas coroas dos frutos verdes, aproximadamente quatro meses depois da florada. “É preciso fazer o acompanhamento da lavoura para detectar o momento da aplicação dos inseticidas’’, diz. Contudo, Faton explica que essa época muda a cada safra em função da ocorrência das floradas, que dependem das chuvas para ocorrer.

7 – Colheita mecânica

Uma das alternativas para diminuir a incidência da broca do café é a colheita mecânica. ”Quanto mais eficiente a colheita e menor a quantidade de frutos deixados para trás, menor a possibilidade de multiplicação da broca que vai atacar a safra seguinte’’, diz Faton.

Segundo o pesquisador, outra forma de diminuir os prejuízos dos produtores com a broca do café seria o ajuste de um indicador melhor, que mostrasse o momento mais adequado para a aplicação de inseticidas. ”Também deveriam ser feitos esforços para aumentar a eficiência do controle biológico, através de vespinhas inimigas naturais da broca”, afirma.