Os cafeicultores do Espírito Santo enfrentam uma crise hídrica sem precedentes na história do Estado, confira dicas de manejo do café

O Espírito Santo enfrenta uma crise hídrica sem precedentes na história. As tendências para os próximos meses indicam que as chuvas devem ser abaixo da média em todo o Estado. A seca vem causando muitos prejuízos à produção capixaba, notadamente ao café conilon, principal produto agrícola do Espírito Santo. Diante destas circunstâncias, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) orienta os cafeicultores capixabas com relação às práticas mais adequadas que podem ser adotadas na plantação.

1 – Solo protegido

A proteção do solo continua sendo uma das práticas mais necessárias. O Incaper sugere que o cafeicultor mantenha o solo coberto o máximo possível, fazendo a roçada para manter o mato baixo. O controle do mato é uma técnica extremamente sustentável, que ajuda a manter a umidade do solo e o fornecimento de matéria orgânica à planta.

2 – Irrigação

Produtores que possuem lavouras irrigadas devem aproveitar o momento para fazer o melhor manejo possível da irrigação. Além de definir adequadamente a quantidade de água que será disponibilizada às plantas, é necessário ajustar o intervalo entre uma irrigação e outra. Ao estabelecer quando e em quanto tempo será acionado o sistema de irrigação, o cafeicultor propicia o melhor crescimento de planta, frutos e grãos. Além disso, economiza-se água e energia elétrica. Isso porque os cálculos levam em consideração expectativa de chuva, temperatura, tipo de solo, estágio de desenvolvimento e potencial de produção da planta. Dessa forma o cafeicultor só aciona o sistema de irrigação quando necessário e durante o período exigido pela lavoura, sem desperdícios, contribuindo assim, para a sustentabilidade da atividade.

3 – Poda correta

Para as lavouras que receberam a poda, deve ser dada atenção especial ao momento e à forma de desbrota. Com a seca extrema, o desenvolvimento dos brotos também está sendo prejudicado. Mas é preciso vigilância constante, para não passar da hora: a desbrota deve ser feita quando o broto tiver entre 10 cm e 20 cm, cuidadosamente. O Incaper orienta deixar de 3 a 4 brotos na planta, dependendo do espaçamento. Os brotos que permanecerem no pé de café devem estar bem distribuídos, localizados na parte inferior e externa do caule.

4 – Adubação do cafezal

O produtor pode aproveitar o momento para planejar a adubação do cafezal, após a análise de solo e folha. Para isso, é imprescindível que o solo esteja com boa umidade. O ideal é aplicar adubo, químico ou orgânico, após chuva de boa intensidade ou irrigação. O solo molhado permite o deslocamento dos nutrientes até as raízes e sua adequada absorção. Aplicar adubo com o solo seco é desperdício: os nutrientes não são aproveitados pela planta e o produtor acaba tendo prejuízo.

5 – Monitoramento de pragas

Recomenda-se também o monitoramento constante de pragas e doenças: ferrugem, broca do fruto, cochonilha da roseta e broca da haste são problemas potenciais que podem manifestar com maior ou menor intensidade nestas condições. Dependendo do resultado do monitoramento, o produtor avalia, junto com um técnico do Incaper, se há necessidade de controle. Isso porque, com a seca, a incidência de algumas pragas e doenças pode diminuir, e não há necessidade de aplicação de defensivos.

A adoção das técnicas desenvolvidas e recomendadas pelo Incaper é fundamental para uma melhor convivência com a seca, garantindo bons resultados na lavoura. Para obter mais orientações a respeito das técnicas de manejo do cafezal, o produtor deve procurar o Escritório Local de Desenvolvimento Rural do Incaper do seu município.