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O ritual diário de beber um café para começar o dia faz parte da imensa maioria da população, principalmente a brasileira. Dois estudos recentes mostram que esse hábito parece ser benéfico para nossa saúde, especialmente trazendo um menor risco de cânceres, como os de endométrio e de fígado.
 


Uma revisão de novembro de 2022 no American Journal of Clinical Nutrition avaliou a associação entre o consumo de café e o risco de câncer endometrial. Os resultados de 19 estudos publicados anteriormente, que incluíram quase 40 mil pessoas, mostraram que os bebedores de café tinham um risco 13% menor de câncer de endométrio em comparação com os que não bebiam café. Houve também uma relação inversa entre o consumo de café e o risco de câncer - quanto mais café as pessoas bebiam, menor o risco de câncer.
 

Outro estudo publicado em agosto de 2022 na revista médica Hepatology Communications explorou as associações entre seis hábitos alimentares, incluindo o consumo de café, e o risco de carcinoma hepatocelular (HCC), um tipo comum de câncer de fígado. Usando respostas de questionários e dados de 200 mil participantes do Leste Asiático com idades entre 20 e 89 anos, os pesquisadores relacionaram o aumento do consumo de café com variações genéticas específicas.

Eles então descobriram quais variações estavam associadas ao HCC, com uma análise estatística determinando que aqueles que consumiam café tinham um risco 31% menor de câncer hepático em comparação com aqueles que não bebiam café. Os autores do estudo observaram que compostos bioativos no café, como ácidos clorogênicos e polifenóis, podem ajudar a prevenir o câncer por causa de suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.

Açúcar e cremes para melhorar o sabor devem ser restringidos

Entretanto, sabemos que o açúcar ou cremes adicionados para a melhoria do sabor e paladar do café devem ser restringidos. Recomenda-se limitar ao máximo a quantidade de açúcar, adoçantes e cremes nas bebidas à base de café. Outros ingredientes para potencializar a bebida, como canela, noz-moscada, mel ou leite sem gordura, devem ser usados com parcimônia.

Estudos toxicológicos em camundongos realizados durante as décadas de 1970 e 1980 mostraram uma associação entre altas doses de acrilamida - uma substância química formada durante a torrefação de grãos de café - e aumento do risco de câncer. No entanto, a quantidade do produto químico encontrada no café é milhares de vezes menor do que a dosagem usada nesses estudos. Na década de 2000, as pesquisas começaram a mostrar que não há evidências de uma ligação entre café e câncer e estudos na década seguinte evidenciaram que há uma associação com risco reduzido de alguns tipos de câncer, conforme discutido acima.

Devemos também ressaltar que, embora haja uma fundamentação teórica para se inferir que o consumo a longo prazo do café pode reduzir a incidência de vários tipos de câncer, o estudo relatado nesse artigo abrange apenas dois tipos de câncer. Mais pesquisas e evidências serão necessárias para se determinar o efeito do consumo de café na redução de risco para outros tipos de câncer.