Os modelos climáticos conseguem prever o clima para os próximos seis meses e ainda não há indícios de retorno do El Niño
A mais recente ocorrência do El Niño, com início em 2014 e término em 2016, é considerada a segunda mais forte já registrada na história do fenômeno climático. Os produtores têm más lembranças do fenômeno, já que o El Niño provocou estiagens e o clima não favoreceu o desenvolvimento das lavouras em alguns estados brasileiros, principalmente no Norte e no Nordeste. Segundo meteorologistas, o último El Niño só perde para o que aconteceu entre 1997 e 1998, que até então foi o mais intenso já registrado.
O El Niño é um fenômeno climático que acontece a partir do aquecimento das águas do Oceano Pacífico Tropical. Os principais reflexos do El Niño são as secas registradas na região Nordeste e aumento do volume de chuvas no Sul do Brasil. Já nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, o fenômeno favorece o aumento das temperaturas.
El Niño, La Niña ou clima neutro
O El Niño ocorre de maneira alternada com períodos de neutralidade climática ou incidência de outro fenômeno, o La Niña, que gera efeitos inversos sobre o clima mundial (leia mais: La Niña perde força e neutralidade climática deve beneficiar a safrinha). Nesta safra, o clima está sendo influenciado pelo fenômeno La Niña, que neste ano ocorre com baixa intensidade.
Com as notícias mais recentes sobre o possível fim da La Niña, os produtores e meteorologistas já começam a especular sobre o comportamento do clima e sobre o possível retorno do El Niño. “Ainda não temos dados concretos sobre a volta do fenômeno”, diz Alexandre Nascimento, meteorologista da Climatempo. “Não há previsão de retorno até o começo de 2018.”
Previsão para os próximos meses
A meteorologista Graziella Gonçalves, da Somar Meteorologia, afirma que os modelos climáticos não permitem uma previsão precisa do que vai acontecer a frente dos próximos seis meses. Porém, dentro dessa janela de tempo, não há indícios do retorno do El Niño. “A expectativa é que a neutralidade siga ao longo de 2017”, diz a meteorologista. “Por enquanto, seria especulação falar em retorno do El Niño.”
Nem sempre um El Niño acontece na sequência de uma La Niña e não existe um padrão de datas para esses fenômenos. Nos últimos anos, por exemplo, ocorreu uma La Niña entre 2010 e 2011 e depois, entre 2012 e 2014, a atmosfera passou por um período de neutralidade, que é quando não ocorre nem o esfriamento e nem o aquecimento das águas do Oceano Pacífico. Depois houve um El Niño até o outono de 2016 e no fim do ano passado a La Niña foi confirmada. “Provavelmente teremos um 2017 neutro”, diz Nascimento.
O fim da La Niña e a neutralidade
O fenômeno La Niña, que ocorre a partir do resfriamento das águas do Oceano Pacífico, continua influenciando o clima do verão 2017. Segundo meteorologistas, já existem sinais de que a La Niña está cada vez mais fraca e não deve continuar por muito tempo. “Segundo os últimos registros, as águas do Oceano Pacífico estão mais aquecidas, isso mostra que a La Niña está perdendo força”, diz a meteorologista Graziella Gonçalves, da Somar Meteorologia.
Os modelos climáticos indicam que a La Niña pode deixar de influenciar a partir deste mês. Isso significa que as condições do clima devem voltar para a situação de neutralidade, o que deve beneficiar a segunda safra. Uma das principais característica da neutralidade é que as chuvas ganham mais intensidade no Sul. “Teremos variações de menor escala nas condições climáticas”, diz Graziella. “O clima ficará mais próximo do que é esperado dos índices meteorológicos para cada estação.”
A segunda safra já está sendo plantada em algumas regiões e, segundo o meteorologista da Climatempo, a neutralidade será positiva para a agricultura. “Normalmente temos uma condição climática que, em média, deve se aproximar da normalidade. Ou seja, sem seca ou cheia prolongada”, explica Nascimento.