De acordo com informações da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), produtores da zona rural de Nova Resende, município da região Sul mineira, estão contando com um novo mecanismo de segurança para resguardar propriedades e o principal produto da agricultura local: o café. Trata-se da Rede de Agricultores Protegidos, que à semelhança de iniciativas existentes em áreas urbanas mineiras, funciona com a participação solidária e mútua dos cafeicultores e da Polícia Militar (PM) de Minas, que ainda compartilha os dados com a polícia civil, para a devida investigação.
A medida também tem o apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), que participa da organização e divulgação do trabalho junto ao seu público-alvo, os agricultores familiares. O objetivo é reduzir a criminalidade no campo, principalmente as ocorrências de furtos, por meio de ações conjuntas.
O tenente Esdras José da Silva, lotado em Nova Resende, no 4º Pelotão da 79ª Companhia da PM de Guaxupé, explica que se trata de um projeto-piloto, cuja origem remonta experiência pioneira da Rede de Fazendas Protegidas, implantada em 2011, na zona rural do município de Patrocínio, no Alto Paranaíba. Lá as ocorrências de furtos e roubos nas fazendas locais teriam sido reduzidas em 60%, após a iniciativa, segundo o militar. Com pouco tempo de implantação em Nova Resende, o projeto já conseguiu um bom resultado, conforme o tenente. “Apesar de ter apenas cerca de um mês, conseguimos recuperar mais de 100 sacas de café, furtadas por uma quadrilha que agia em fazendas cafeeiras e ainda prender um membro do grupo”, conta.
Ainda de acordo com o tenente Esdras, a rede se beneficia de um sistema de georreferenciamento que mapeou todas as propriedades rurais, conferindo a elas um endereço, e a indicação das rotas das estradas vicinais do município. “O banco de dados foi inserido no aparelho de GPS que operamos e desta forma, podemos atender uma solicitação de natureza emergencial, com maior agilidade e melhor qualidade”, garante. Paralela a essa medida, ele explica que a rede conta ainda, com grupos de whatsapp, ligados à polícia, para troca de informações de prevenção e de alerta, em caso de aparecimento de pessoas e carros suspeitos, nas redondezas. E o único custo para o produtor rural, segundo o tenente, são os R$ 15 gastos com a compra de uma placa para indicar a filiação da propriedade. “A placa com os números de telefones para acionar a PM ou passar uma mensagem é afixada na entrada da propriedade, sinalizando a participação dela na Rede de Agricultores Protegidos”, informa.
Ainda no início de julho o CaféPoint recebeu informações de produtores da região de Monte Santo de Minas que haviam sofrida com roubos de sacarias de café em fazendas da região. De acordo com a Cooxupé, produtores associados também sofreram com o problema nos municípios mineiros de Carmo do Rio Claro, Monte Santo de Minas e São José do Rio Pardo (SP).
As recomendações da Cooperativa à época foram de primeiramente contatar a polícia e buscar alternativas preventivas para evitar prejuízos. “Para os produtores que decidem estocar o café em sua propriedade a orientação é que façam seguro do produto. É possível encontrar vários bancos e cooperativas de crédito que oferecem este tipo de serviço. Outra orientação é que os cafeicultores entreguem o café para a cooperativa de interesse, assim os grãos são depositados nos armazéns, estando, portanto, mais seguros”.
Como participar da rede de proteção
E quem quiser participar da Rede de Agricultores Protegidos de Nova Resende pode procurar o Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município para fazer um pré-cadastro e adquirir uma placa de adesão. Segundo o Tenente Esdras, a partir daí, a PM programa uma visita à propriedade, passa algumas orientações referentes à segurança, confirma o cadastro e finalmente, o produtor se integra a um grupo de whatsapp para acionar a polícia quando necessário. A Emater-MG também pode orientar sobre o processo.
O gerente regional da Emater-MG de Guaxupé, Willem Guilherme de Araújo, ressalta que, como principal órgão de extensão rural, atuando em Nova Resende, a empresa participa da ação de mobilização dos produtores. “É nosso interesse que isso sensibilize o maior número de agricultores do município, pois sabemos que, quanto maior a rede mais segurança para a zona rural”, argumenta. De acordo com o gerente, mais de 90% dos cerca de 2.500 agricultores familiares de Nova Resende têm na cafeicultura a principal atividade. Além disso, dos 15 mil habitantes do município, 8 mil moram na zona rural, o que reforça ainda mais a proposta de implementar medidas de segurança para essa população.