Os pequenos produtores de café do sul de Minas Gerais reclamam da demora do governo em liberar o dinheiro prometido para a comercialização da safra.
Nos cafezais de Três Pontas, no sul de Minas Gerais, é época da florada. Praticamente já não se encontra o café no pé e a colheita está chegando ao fim. O que resta em algumas plantações é o café que ficou no chão e ainda precisa ser separado da terra e da palha.
O município é um dos maiores produtores de café do Brasil e deve colher este ano perto de 500 mil sacas. Em julho, a reportagem do Globo Rural esteve no município para mostras as dificuldades encontradas pelos produtores de café. Na época, eles tinham feito protestos nas estradas pedindo medidas do governo para ajudar na comercialização.
Dois meses depois, a equipe volta a região para ver como está a situação. No início de agosto, o governo anunciou que iria liberar o dinheiro para compra física do café. Mas, segundo os produtores, isso ainda não aconteceu.
Dos 1500 cafeicultores de Três Pontas, um terço é de pequenos. E eles tiveram uma queda na renda este ano. Nas cooperativas, a venda de adubo diminuiu 60%.
Em Brasília, a repórter Flavia Marsola procurou alguma informação a respeito dessas compras. Ninguém do Ministério do Desenvolvimento Agrário quis dar entrevista, mas em nota informaram que no primeiro leilão dos contratos de opção realizado na semana passada, 30% das sacas negociadas foram para a agricultura familiar.
A questão é que, nesse tipo de contrato, o agricultor garante um preço melhor para o futuro e não recebe nada agora. Isso não resolve o problema dos agricultores que precisam do dinheiro hoje pra pagar as suas dívidas.
O ministério acrescenta que está monitorando o assunto para ver se vai ser mesmo necessário fazer essa compra direta dos agricultores pelo preço mínimo. Na sexta-feira, o governo fez um segundo leilão dos contratos de opção. Nos dois leilões, foram negociados pouco mais de 1,7 milhões de sacas.