SÃO PAULO (Reuters) - A exportação de café verde do Brasil em setembro atingiu 2,74 milhões de sacas de 60 kg, alta de 27,1 por cento ante o mesmo mês do ano passado, mas poderia ter sido ainda maior não fossem problemas logísticos, afirmou nesta quarta-feira o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Considerando as exportações totais, incluindo o café industrializado, os embarques superaram 3 milhões de sacas, alta de cerca de 24 por cento na mesma comparação.
"Registramos um bom volume... Porém calculamos que poderíamos ter embarcado de 10 por cento a 15 por cento a mais se não fossem os problemas de falta de contêineres e espaços nos navios", afirmou o presidente do Cecafé, Nelson Carvalhaes.
O problema ocorre enquanto o Brasil, maior exportador global, está escoando uma safra recorde de quase 60 milhões de sacas colhida em 2018.
Ele ressaltou que medidas estão sendo tomadas junto a autoridades da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) para "resolver essa situação e normalizar o fluxo da exportação decafé do país".
"Para se ter uma ideia, sabemos de exemplos como um único exportador que deixou de embarcar 100 mil sacas. O exportador tem feito sua parte, respeitando as agendas, deixando as cargas prontas, despachadas e com a documentação toda organizada, porém muitas vezes a carga é 'rolada' para o próximo navio", disse Carvalhaes, em nota.
Há alguns meses, exportadores já haviam manifestado que vinham encontrando problemas para encontrar espaço em navios para escoar a safra do país, o maior produtor de café do mundo.
"O segmento está organizado para atender o mercado importador, porém, devido aos problemas logísticos da navegação não tem conseguido atender aos compradores com assiduidade", acrescentou o presidente do Cecafé.
VARIEDADES
As exportações de café arábica aumentaram 14,9 por cento na comparação com setembro de 2017, correspondendo a 81 por cento do volume total de exportações (2,4 milhões de sacas).
Já o café robusta apresentou crescimento de 1.091,6 por cento e atingiu a participação de 9,7 por cento das exportações no mês (291,6 mil sacas), com uma recuperação da safra do Espírito Santo, após seca em anos anteriores.
O volume exportado de café solúvel se manteve praticamente estável, com participação de 9,3 por cento no total, em 280,3 mil sacas.
Já no acumulado do ano civil (de janeiro a setembro de 2018), o Brasil registrou um total de 23,6 milhões de sacas exportadas, crescimento de 7,3 por cento na comparação com igual período do ano passado.
Em setembro, a receita cambial com as exportações somou 410,3 milhões de dólares, apontando uma variação positiva de 0,7 por cento a mais em relação ao mesmo mês do ano passado.
No acumulado do ano, o faturamento apresentou uma queda de 6 por cento, alcançando 3,5 bilhões de dólares.
(Por Roberto Samora e Marcelo Teixeira)