Rondônia foi reconhecida como a primeira Indicação Geográfica (IG), na modalidade Denominação de Origem (DO), de café canéfora (robusta e conilon) sustentável do mundo. O selo foi concedido nesta terça-feira (1/6) pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e consolida a qualidade dos Robustas Amazônicos.
O pedido foi feito pelos Cafeicultores Associados da Região Matas de Rondônia (Caferon) em março de 2020. A nova D.O. é válida para cafés em grãos Robustas Amazônicos cultivados em 15 municípios: Alta Floresta d’Oeste, Cacoal, São Miguel do Guaporé, Nova Brasilândia d’Oeste, Ministro Andreazza, Alto Alegre dos Parecis, Novo Horizonte do Oeste, Seringueiras, Alvorada d’Oeste, Rolim de Moura, Espigão d’Oeste, Santa Luzia d’Oeste, Primavera de Rondônia, São Felipe d’Oeste e Castanheiras.
A conquista valoriza não somente os Robustas Amazônicos, mas todo o processo de produção nas lavouras do estado. “Eu acho que a IG representa uma virada de página, um verdadeiro marco para a cafeicultura na Amazônia”, comemora Enrique Alves, pesquisador da Embrapa Rondônia.
Para ele, que acompanha de perto todo o trabalho dos cafeicultores da região nos últimos anos, os robustas ainda sofrem com a má fama conquistada em décadas de cultivo sem devidos cuidados no pós-colheita, porém o cenário vem mudando, ainda mais com o novo selo. “Os Robustas Amazônicos Finos são a representação de todo o potencial de qualidade dos cafés canéforas. Representam a evolução de uma cadeia de produção que tem crescido para se tornar mais sustentável, eficiente, qualitativa e inclusiva”, comenta.
Foto: Renata Silva/Embrapa-RO
A cafeicultura é uma das principais atividade agrícolas no estado, sendo realizada por 17.388 agricultores familiares, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Deste total, 10.147 (58,4%) estão estabelecidos nos municípios inseridos na região de abrangência da IG Matas de Rondônia.
“A IG dos cafés especiais produzidos nas Matas de Rondônia, uma região incrustada no interior do estado, representa um modelo de produção agrícola que desejamos para toda a Amazônia. Produtos de qualidade, cultivados com responsabilidade social e ambiental. Quem consome os cafés Robustas Amazônicos leva para casa mais que aromas e sabores, leva a Amazônia e as inúmeras histórias de superação dos homens, mulheres, jovens e indígenas que habitam essa região”, explica o pesquisador.
Com a conquista, o Brasil possui cinco Denominações de Origem para café, sendo quatro para a espécie arábica (Cerrado Mineiro, Caparaó, Montanhas do Espírito Santo e Mantiqueira de Minas) e Matas de Rondônia para o canéfora. Além delas, o País também adquiriu, em maio deste ano, o registro de IG na modalidade Indicação de Procedência (IP) para os cafés canéforas do Espírito Santo.
Sobre a Indicação Geográfica
A IG serve para designar produtos ou serviços, que tem características positivas únicas e indissociáveis dos fatores que compõem a sua origem. Para produtos agrícolas, estes fatores também são conhecidos como “terroir”. Uma mistura que leva em consideração clima, solo, genética e aspectos culturais da população envolvida no processo produtivo.
No caso da Denominação de Origem, o processo é ainda mais complexo, pois além do saber fazer e dos aspectos culturais, é levado em consideração o café, suas qualidades intrínsecas e a relação direta com as características do "terroir" da região.
“O selo abre uma janela de oportunidades para estes grãos que contam uma história de uma origem única, num dos biomas mais importantes do mundo moderno. Valorizar os cafés amazônicos em toda a sua essência significa a garantia de qualidade de vida a diversas famílias no campo e a preservação um modo de produção que ajuda a cuidar da floresta”, destaca Enrique.