A rotação de culturas com crotalária é uma alternativa interessante para muitos produtores. Além de controlar a incidência de nematoides nas lavouras, essa prática traz muitos benefícios, como cuidado e proteção do solo, controle de ervas daninhas e recuperação de áreas degradadas. Segundo Donizeti Carlos, engenheiro agrônomo e diretor da Sementes Piraí, muitos agricultores ainda têm dúvidas sobre qual variedade de crotalária escolher para a rotação de culturas.
O cultivo de crotalárias é uma técnica de adubação verde e apresenta feitos positivos desde o primeiro plantio, mas a situação melhora ainda mais a longo prazo. “A eficiência no controle será maior se o produtor for repetindo anualmente o preparo do solo com crotalárias nas janelas da safra e fazendo essa rotação. Ele sempre terá ganhos”, diz Donizeti Carlos. O cultivo de crotalária pode ser feito antes da safra de verão, na segunda safra e em consórcio com algumas culturas, como milho, milheto e braquiária.
A adubação verde se popularizou nas últimas temporadas. Na safrinha deste ano, o engenheiro agrônomo acredita que cerca de 300 mil hectares de milho foram plantados em consórcio com crotalárias, principalmente no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia e Goiás. O plantio das espécies é simples. A orientação é que a semeadura da crotalária seja feito a lanço, em áreas já dessecadas para controle das ervas daninhas e tigueras da cultura anterior. Elas devem ser levemente incorporadas, de dois a três centímetros de profundidade, com correntão ou grade niveladora. Confira as dicas para escolher a crotalária mais adequada para a fazenda.
1 – Variedade para combater nematoides
Essa espécie é considerada a mais eficiente na redução de nematoides de galha, cisto e lesões radiculares em áreas de culturas anuais ou perenes. A Crotalária-spectabilis possuí excelente fixação biológica de nitrogênio atmosférico e é ótima produtora de massa verde. Pode ser utilizada nas entrelinhas de culturas perenes sem prejudicar o trânsito de máquinas ou pessoas. Geralmente, a espécie é utilizada nos cultivos de hortaliças, algodão, tabaco e cana-de-açúcar.
2 – Recuperação de solos
No caso de solos inférteis e degradados, a recomendação é cultivar a Crotalária-ochroleuca. Essa espécie também é usada após o cultivo de soja, com áreas em infestação mista por nematoides de cisto, galhas e lesões. Segundo a Sementes Piraí, essa crotalária é recomendada para quem busca a recuperação da capacidade produtiva do solo. Promete excelente fixação biológica de nitrogênio atmosférico e uma ótima produção de massa verde. A Crotalária-ochroleuca também é uma opção de adubo verde para culturas de hortaliças, grãos com rotação entre as crotalárias, algodão, tabaco e cana-de-açúcar, além de culturas irrigadas.
3 – Café, hortaliças e milho
Essa espécie é mais utilizada nas entrelinhas de culturas perenes como o café, por causa do seu porte baixo e hábito não trepador. Entre as vantagens dessa espécie, a Crotalária-breviflora é má hospedeira de nematoides e ajuda no controle de ervas daninhas. Ela pode combater nematoides dos tipos Meloidogyne e Pratylenchus, até mesmo em áreas de infestação mista. Os produtores de hortaliças também podem optar por este tipo de Crotalária. No caso da produção de grãos, seu uso é bastante recomendado consorciado com milho de segunda safra.“O que chama a atenção do agricultor é o controle de pragas e doenças, mas todo o resto está beneficiando a terra”, diz Carlos.
4 – Indicação para a cana-de-açúcar
No caso da cana-de-açúcar, a espécie recomendada é a Crotalária-juncea Segundo a empresa de sementes, seus resultados são apresentados em menor tempo e sua produção de biomassa é conferida em maior quantidade. Os benefícios da Crotalária-juncea também podem ser notados no controle de nematoides do tipo Meloidogyne e na proteção do solo contra a erosão.
Os produtores que cultivam crotalária devem tomar cuidado para que os animais da fazenda não comam as plantas. “Não é recomendado para pasto ou aproximação do gado nessas áreas. As crotalárias tem um fator tóxico e se o gado comer em excesso chega a matar”, diz Carlos.