Os produtores que esperam por informações sobre o La Niña para planejar a safra 2016/2017 deverão ter paciência. Isso porque nem mesmo os meteorologistas estão conseguindo prever quando o fenômeno climático deve começar a influenciar o clima. Inicialmente prevista para setembro, a La Niña deve chegar mais tarde. As últimas previsões indicam que a formação do fenômeno pode ter início em qualquer momento entre outubro deste ano e janeiro de 2017.
O fenômeno La Niña ocorre a partir do esfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico. Porém, segundo a meteorologista Graziella Gonçalves, da Somar Meteorologia, embora as temperaturas das águas superficiais do Pacífico estejam mais frias, não estão com temperaturas baixas o suficiente para declarar o efeito do La Niña. “Por enquanto, em setembro, a expectativa é de um esfriamento intenso”, diz Graziella. Segundo a meteorologista, esse esfriamento será capaz de alterar as características da atmosfera e mudar o tempo em algumas regiões do Brasil. “Vamos ter características de chuvas concentradas no Centro-Sul. Ao longo do mês teremos os volumes mais elevados de chuvas”, diz Graziella.
As principais regiões afetadas pela chuva serão o Sul do Mato Grosso do Sul, Leste e Sul de São Paulo, sul de Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. De acordo com a meteorologista, embora os volumes de chuva previstos estejam acima da média, eles não devem prejudicar o início do plantio da safra de grãos de verão. Por outro lado, culturas como o trigo e o café podem ser mais afetadas pelas condições climáticas e pela incidência de geadas em algumas regiões.
Já as regiões Norte e Nordeste não devem receber maiores volumes de chuva em setembro. As precipitações só devem voltar com mais força em outubro, o que vai beneficiar a produção das duas regiões, principalmente o estado da Bahia. “Nos meses de verão tem entrada de umidade em todo o País, isso beneficia todo mundo”, diz Graziella.
O que esperar da primavera?
A primavera deste ano deve começar com temperaturas mais baixas que o normal para a estação. Como o período é de esfriamento e neutralidade, as frentes frias ficam mais intensas e as massas de ar polar avançam com força. “Setembro ainda vai ser um mês de grandes oscilações nas temperaturas e pode prejudicar culturas mais sensíveis, como o trigo e o café. Tudo vai ser guiado pelas passagens das frentes frias”, afirma Graziela. “Ao longo dos próximos meses continua o esfriamento e se a La Niña se configurar vai ser curtíssima.”