Por Luiz Gonzaga de Castro Junior e Eduardo Cesar Silva, da Ufla
Solúvel I
A indústria de café solúvel do Brasil perdeu mais uma empresa. O Café Brasília, de Varginha-MG, encerrou a produção após mais de 40 anos na cidade. Ao que parece, a empresa já enfrentava sérias dificuldades financeiras há muito tempo e não conseguiu se recuperar. Foram demitidos cerca de 200 funcionários e a empresa estaria com dívidas trabalhistas na casa dos R$ 6 milhões1. Por outro lado, já existem empresários interessados em continuar o negócio e a prefeitura de Varginha apoia a inciativa2. Diversos fatores podem ter levado ao fechamento da empresa, mas sem dúvidas trata-se de algo negativo para o município de Varginha e para a indústria do café.
É fato que o setor industrial brasileiro, não só do café, enfrenta desafios significativos. A produtividade cresceu pouco nos últimos anos e a produção está em queda em 20143. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) entregou um estudo aos candidatos à presidência com 42 reivindicações como redução da tributação, regulamentação do trabalho terceirizado e investimentos em infraestrutura4.
Solúvel II
A Cia. Iguaçu de Café Solúvel vendeu sua marca “Amigo”, comercializada na Romênia, para a Strauss Coffee. O negócio foi avaliado em US$ 20 milhões. De acordo com a Café Iguaçu, com a saída do mercado europeu a empresa vai investir na América Latina5.
Torrado e moído
As exportações de café torrado e moído estão em queda desde 2008. O volume exportado naquele ano foi de 132 mil sacas, mas em 2013 foram apenas 40 mil. A desvalorização do Real frente ao Dólar pode dar fôlego às exportações, mas apenas isso não basta. A esperança para ampliar as exportações nacionais de café torrado e moído está nas cápsulas. Mas antes é preciso que a indústria nacional de cápsulas amadureça e ganhe escala. Com o forte crescimento da demanda dos brasileiros por este tipo de produto, isso já está acontecendo.
Cápsulas I
A portuguesa Kaffa, especializada da fabricação de cápsulas de café, investiu R$ 3 milhões na construção de uma fábrica em Ribeirão Preto6. É a primeira fábrica da empresa fora de Portugal e terá capacidade para até produzir até 60 milhões de cápsulas por ano. A Kaffa é parceira do Café Utam, que importou 4 milhões de cápsulas da companhia em 2013. No entanto os portugueses irão atender pedidos de outras empresas também. Isso é algo muito positivo, já que os empresários interessados em desenvolver sua própria marca de single cup não precisarão importar mais, o que tornará a empreitada mais fácil.
Cápsulas II
A Nestlé também planeja construir uma fábrica de cápsulas no Brasil7. Se ocorrer, será ótimo para o país já que haverá possibilidade de, finalmente, ser utilizado como plataforma de exportação por uma multinacional do café. Se for realmente erguida, a fábrica brasileira poderia atender os países da América do Sul. Além disso, as exportações de café industrializado, que hoje são muito maiores do que as exportações, em valor, deverão diminuir. Em 2013 o Brasil exportou US$ 15,8 milhões em café torrado e moído, mas importou US$ 32 milhões. Grande parte dessas importações são de cápsulas Nespresso e Nescafé Dolce Gusto.