Um regresso ao passado, mais precisamente aos tempos áureos do Ciclo do Café no Rio de Janeiro. Com o conceito de convidar arquitetos e decoradores a criar ambientes inspirados no estilo das luxuosas residências da corte imperial brasileira, a antiga decoração de fazenda. Os profissionais transformaram espaços do casarão histórico da Fazenda São Luiz da Boa Sorte – propriedade construída nas primeiras décadas do séc. 19. Liliana Rodriguez e Nestor Rocha (presidente do Instituto Preservale) idealizaram a iniciativa a fim de resgatar a memória de uma época. Por isso, além da mostra, a fazenda também recebeu um ciclo de palestras durante os dias de evento, que abordam diferentes temas, como história, gastronomia, prataria, arquitetura, patrimônio e artes plásticas. Após o término da mostra, a fazenda voltou a sua configuração original e segue aberta à visitação. Confira os novos ambientes abaixo.

Mostra Casa Real (Foto: Cláudio Santana e Cristina Mend)

Thoni Litzs
Quarto do Conde D’Eu
O arquiteto se inspirou nas estampas e cores usadas no séc. 19 para enriquecer os casarões dos nobres. Na parede atrás da cama, dividindo espaço com o roda-meio (muito usado na época), o profissional aplicou um papel de parede azul com arabescos off white. Novas cortinas de seda branca emolduram as portas que dão acesso à varanda da casa e o lustre de cristal com base bronze e dourada reforça os ares luxuosos. “Para a colcha, escolhemos um adamascado off white com franjas para dar ‘ares de realeza’. E, como trata-se do quarto de um nobre, deveria haver ali um móvel usado pelo morador para a contabilidade diária. A maior característica do séc. 19 é o grande oratório, que ostenta a imagem de São Luis.”, conta.
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Mostra Casa Real (Foto: Cláudio Santana e Cristina Mend)

Adriana Bellão
Quarto do Filho Viajante
A arquiteta e designer de interiores optou por trabalhar apenas com elementos decorativos. Eles foram eleitos para valorizar o espaço sem interferir na arquitetura original ou descaracterizá-la. “Participar é sempre prazeroso pois contamos aos visitantes um pouco da história do Brasil”, diz Adriana, que se inspirou nas viagens realizadas pelos nobres na época com o intuito de conhecimento cultural. Pensando na bagagem repleta de objetos trazida pelos filhos viajantes, Adriana garimpou antiquários e trouxe novos tesouros ao ambiente. O papel de parede listrado com mapas estampados vestem as paredes e seguem a paleta em tons de areia e azul.
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Mostra Casa Real (Foto: Cláudio Santana e Cristina Mend)

Gorete Colaço
Quarto do Padrinho
O quarto do padrinho foi inspirado no perfil de um homem calmo, amável e conciliador. A profissional tratou de escolher, então, as cores, os móveis e cada um dos objetospensando em compor um cenário sereno, requintado e esplendoroso – alinhado ao estilo de vida do seu morador. Uma das estampas mais nobres da época, a Toile du Jouy, foi eleita para cobrir as paredes do ambiente. De acordo com a profissional, o papel de parederemete a cenas da charmosa e pacata vida no campo, enquanto o dourado de alguns itens reforça a sensação de abundância.
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Mostra Casa Real (Foto: Cláudio Santana e Cristina Mend)

Guilherme Osborne
Quarto das meninas
Para o dormitório das meninas, o profissional idealizou um ambiente charmoso e romântico, que servisse como um refúgio onde elas pudessem descansar das atividades diárias. O rosa claro foi eleito como base e, depois, foram adicionados ali outros elementos femininos muito usados nesse período histórico, como cortinas leves, tecidosfluidos em tons de rosa com acabamento em flores. Os anjos e as bonecas dão o toque final.
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Mostra Casa Real (Foto: Cláudio Santana e Cristina Mend)

Ricardo Melo e Rodrigo Passos
Quarto do Barão
Projetamos um ambiente de descanso para um Barão de gosto refinado e discreto, por isso a escolha de tons suaves e neutros. Ele é um homem culto que quis um local para estudos e leitura em seu quarto, longe dos afazeres do dia a dia da fazenda", contam os arquitetos, apontando a escrivaninha e a mesa com duas cadeiras como a solução para atender aos pedidos. "Apaixonado pela cultura portuguesa, ele coleciona objetos que remetem a esse sentimento, como azulejos, pinhas e peças muito admiradas e valorizadas no século 19, que dão luz à decoração do ambiente", concluem.
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Mostra Casa Real (Foto: Cláudio Santana e Cristina Mend)

Sophia Galvão
Quarto da madrinha
A primeira escolha foi a paleta com tons pastel, dourado e azul. A partir delas, Sophia idealizou pouco a pouco a ambientação do quarto da madrinha - aquela que de tanto visitar acasa, já tem até seu dormitório próprio. Para o projeto, a profissional idealizou o universo de uma figura muito querida por toda a família, responsável por cuidar das crianças e ajudar na administração da casa e dos empregados. Como ela dedicou toda a sua vida aos outros, e nunca se casou, ganhou um ambiente muito confortável e cheio de amor.
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Mostra Casa Real (Foto: Cláudio Santana e Cristina Mend)

Luciana Nasajon, Mabel Graham Bell, Juliana Neves de Castro
O Quarto da Baronesa
As projetistas pensaram em uma baronesa sofisticada, à frente do seu tempo, que viaja muito e passou um tempo morando em Paris, onde adquiriu o gosto por tecidos finos e nobres. O quarto dela reflete sua personalidade, por isso, é rico em texturas, tecidos e detalhes. Suas joias inspiraram a escolha das cores: amarelo, cinza e prata. O resultado é um cômodo elegante e ideal para receber uma nobre, declaram as envolvidas.
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Mostra Casa Real (Foto: Cláudio Santana e Cristina Mend)

Jorge Nascimento
Cozinha Colonial
A cozinha, onde logo cedo começam os primeiros sons da casa e de onde sai o aroma do café, foi o ambiente eleito por Jorge Nascimento. Ele ficou responsável pro transformar o ambiente  onde todos se reúnem para saborear as iguarias preparadas ali. O espaço conquistado é rústico, tem cores quentes e revela uma mistura de diferentes tipos de peças antigas, responsáveis por trazer personalidade ao ambiente, nas palavras do profissional. Ostecidos em tons crus da decoração servem de base para as cores vivas das ervas, frutas e legumes.
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Mostra Casa Real (Foto: Cláudio Santana e Cristina Mend)

Paulo Barragat
Capela
Nas casas tradicionais brasileiras, a capela, ocupava lugar de destaque. A grande importância da religião no cotidiano das famílias era consequência do poder da igreja católica e da sua influência em todos os aspectos de nossa cultura. De acordo com o profissional, ele quis evidenciar a forma como os membros da Igreja viviam na época – sem se preocupar com os gastos e esforços para homenagem a Deus. Pensando nisso, ele elegeu obras dos séculos 18 e 19 de Arte Sacra (esculturas de madeira e enfocando o tema da Paixão de Cristo) e itens de prataria usados pelas figuras religiosas, como o sacrário, cálice, galheteiro, turíbulo e naveta.
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Mostra Casa Real (Foto: Cláudio Santana e Cristina Mend)

Paulo Barragat
Escritório do Barão
A ideia era celebrar o escritório, um local de atividade intelectual que requer concentração e conforto, conta o profissional, e também imprimir ali as características luxuosas e ornamentadas das casas dos barões do café. A partir de tal premissa, Paulo criou uma decoração marcada por mobiliário de luxo e obras de arte dos séculos 17, 18 e 19. São eles: móveis ingleses no estilo vitoriano e outros franceses, uma papeleira veneziana do século 19, acessórios e adornos europeus e orientais dos mesmos séculos mencionados.
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Mostra Casa Real (Foto: Cláudio Santana e Cristina Mend)

Roseli Müller
Sala de Jantar Nobre
O acento francês predominante em tal épocai nspirou a ambientação da principal sala de jantar da casa. A arquiteta aplicou nas portas tecidos de seda e brocados na cor palha, a fim de criar um contraponto com as paredes pintadas na tonalidade caramelo. As telas que retratam as atividades da fazenda na época áurea do café receberam paspatoures com o mesmo padrão das cortinas. O lustre com cristais e as minicúpulas executadas em seda pura trazem charme, enquanto as louças, cristais e pratarias garantem brilho ao ambiente.