Entre 24 e 31 de julho, o Brasil recebeu a visita de uma comitiva de baristas internacionais, inclusive com alguns campeões mundiais. A viagem foi patrocinada pela Ally Coffee, do Grupo Monte Santo Tavares. Os participantes visitaram propriedades no Espírito Santo e Minas Gerais.

Na ocasião, escrevi essa pequena nota sobre a iniciativa:
Baristas são formadores de opinião influentes na atual "Terceira Onda do Consumo de Café" e trazer campeões internacionais para o Brasil parece ser um investimento acertado. Diria, inclusive, que é uma das melhores estratégias de marketing para a cafeicultura brasileira.

No dia 12 de Agosto, o portal Perfect Daily Grind publicou uma entrevista com o japonês Tetsu Kasuya, vencedor da World Brewers Cup, em junho. Kasuya fala sobre a sua história com o café, como se tornou barista, sua participação na World Brewers Cup e a complexidade da bebida. Em seguida, ele comenta que é importante para um barista conhecer as origens produtoras e que a sua própria visão sobre a cafeicultura mudou após visitar produtores em Honduras e Guatemala.

“É importante saber como é dura a lida dos trabalhadores. Se eu não soubesse disso, talvez eu não conseguiria preparar bem o café”, explicou.

Sobre a cafeicultura brasileira, as impressões que Kasuya levou foram boas. “O Brasil é realmente um grande país e possui cafés melhores do que eu imaginava! No Japão, para o povo japonês, o café brasileiro não é especial. É muito comum. Então eu quero contar para o povo japonês que o café brasileiro é “mmm” (sic), que o café brasileiro é realmente bom. Eu disse ao meu chefe, o café brasileiro é muito bom, quero comprá-lo”.

O japonês conta que gostou de todas as fazendas que visitou, mas comenta sobre uma em especial. “Eu gostei da Fazenda Três Barras. Ela é muito pequena, mas eles trabalham muito. Eu pensava que todas as fazendas brasileiras eram muito grandes, mas aquela é muito pequena. Fiquei impressionado. Mas talvez aquele café seja realmente um ótimo café”.

Neste ponto, o entrevistador, que também participou na viagem, relata que a Três Barras é administrada pelo produtor Sandrinho, junto com sua mãe, e produz de 30 a 50 sacas de café orgânico por ano. Os grãos da última safra obtiveram uma pontuação de 88 (SCAA). “Eu também fiquei impressionado”, comenta.

Kasuya também gostou das pessoas que conheceu. “O povo é tão bom. Sim, eu adoro eles! São sempre divertidos e nunca param de falar!”

Durante a viagem, Kasuya, o campeão mundial da sua categoria, preparou café para os produtores brasileiros. A maneira como o barista descreveu essa experiência é memorável: “Foi realmente uma honra”.

Além de permitir que profissionais internacionais conheçam de perto a cafeicultura brasileira, com grandes chances de que a experiência modifique julgamentos prévios, como foi o caso do próprio Tetsu Kasuya, viagens às origens produtores permitem que os cafeicultores tenham contato com os profissionais que ajudam a construir o mercado. Ou seja, aprendizado em uma via de mão dupla.