Mercado do Café

Desde o começo de janeiro o mercado do café apresentou grande volatilidade, fator este que seguiu os indicadores do grão durante boa parte do ano. O otimismo diante de uma safra com boa oferta de café em função da bienalidade positiva, pressionaram os indicadores durante todo o período. Porém, com a alta do dólar, as cotações sempre ficaram mais positivas que o ano anterior e alguns meses chegaram a atingir uma média mensal com alta acima dos 50% em relação a 2019. Confira:

Café Brasil

Desde o mês de janeiro, os analistas já falavam que o mercado do café seria bastante pressionado no decorrer de 2020, em função da expectativa da produção elevada na safra 2020/21 em virtude da bienalidade positiva, que resultaria em um aumento da oferta do grão.

No entanto, o que ninguém contava, seria com um ano atípico de pandemia, que resultou em uma reviravolta nos preços, em função da alta do dólar, situação diretamente ligada ao volume das exportações e precificação do café, que é uma commoditie agrícola.

Com a valorização do dólar ante ao real, os produtores foram tendo suporte para a valorização dos preços internos, ao mesmo tempo em que o produto se tornava ainda mais atrativo para as exportações.

Por outro lado, havia uma grande safra de café a ser colhida pela frente, o que limitava a valorização ainda mais do grão, tanto que em fevereiro a média mensal ficou abaixo do que a praticada no mês anterior para o café arábica e estável para o café conilon.

Com a declaração da OMS em março, classificando a Covid-19 como uma pandemia, medidas restritivas de circulação de pessoas nas ruas foram tomadas, incluindo o fechamento de bares e restaurantes. O mercado do café chegou a se preocupar com os impactos em relação a demanda, visto que o consumo da bebida neste tipo de comércio é extremamente importante para a cadeia produtiva, especialmente nas questões econômicas.

Por fim, que o que se notou foi um aumento de consumo e também na procura pelo grão por parte do mercado externo, levando a cotação do café arábica subir 52,09% no mês de abril em relação a igual período de 2019.

Com a colheita de café se aproximando no meio do ano, a oferta foi aquecendo e pressionando os indicadores, além disso, a chegada do verão na Europa, fez a demanda recuar e com isso os preços foram impactados durante junho a agosto, quando só então as cotações voltaram a sinalizar recuperação.

Já no mês de setembro, com o otimismo sobre as pesquisas em relação as vacinas contra a Covid-19 e medidas mais flexíveis de isolamento social sendo tomadas em todo o mundo, a cotação do grão voltou a se fortalecer, chegando aos preços máximos registrados em 2020.

Preocupações com o clima seco nas regiões produtoras de café no Brasil, também balizaram os preços, mas os fatores climáticos não chegaram a comprometer as perspectivas produtivas que se mantiveram em um cenário bem positivo.

Já no final do ano, a intensificação de novos casos da Covid-19 nos EUA e Europa levaram os países novamente a se mobilizaram em relação ao isolamento social e com isso, novamente uma pressão foi instalado no preço do café arábica, que recuou, mesmo quando o dólar levava o grão pra cima nas cotações internas.

Com as exportações aquecidas no término do ano, os indicadores voltaram a escalada de preços. O café atingiu no ano patamares acima dos R$ 600/saca para o arábica e alcançou mais de R$ 400/saca nas cotações do café conilon.

Mesmo com os preços oscilando de forma acentuada em diversos períodos do ano, a média anual do café arábica fechou o ano valor R$ 540, alta de 27% em relação aos R$ 424/saca registrados em 2019. Para o café conilon, a média anual de 2020 ficou em R$ 357/saca contra os R$ 293 registrados em 2019, uma valorização de 21%.

Produção de Café 2020/21

safra de café 2020 no Brasil se encerra com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimando a superprodução de 63,08 milhões de sacas beneficiadas de café arábica e conilon, a maior da história. O aumento foi 27,9% sobre a colheita de 2019 e de 2,3% sobre o recorde anterior, de 2018 (61,7 milhões de sacas). A área colhida aumentou 3,9%, situando-se em 1,88 milhão de hectares. Esses dados fazem parte do 4º levantamento da safra de café 2020 divulgado nesta quinta-feira (17), pela Conab.

Além da bienalidade positiva do arábica, o clima também contribuiu para o desenvolvimento das lavouras, sobretudo do arábica. A produção deste grão superou a de 2018, chegando a 48,77 milhões de sacas. Em relação ao ano passado, o aumento é de 42,2%.

Já o conilon, com produção estimada em 14,31 milhões de sacas, não teve o mesmo desempenho. Esse volume é 4,7% menor que o obtido na safra anterior, o que pode ser atribuído às poucas chuvas nas regiões produtoras do Espírito Santo, principal ofertante da variedade.

Exportações de Café do Brasil

Durante os meses de janeiro a novembro as exportações de café verde totalizaram 2,212 milhões de toneladas, com aumento de 3,73% em relação ao ano anterior.

Ao observar os números de 2020, janeiro a novembro de 2020, a receita cambial gerada com as exportações dos Cafés do Brasil foi US$ 5 bilhões, aumento de 6,7% se comparada com a receita dos onze primeiros meses de 2019. Na conversão em reais, o valor foi equivalente a R$ 25,9 bilhões, que representa um crescimento de 40%, em relação ao mesmo período do ano passado. 

Os principais destinos para o grão foram: Estados Unidos, Alemanha, Bélgica, Itália e Japão. Somente esses cinco países representaram mais de 57% das vendas externas de café.

Em novembro, as exportações brasileiras de café foram recordes, com aumento de 32% sobre o mesmo mês de 2019, com o embarque de 4,3 milhões de sacas (60 kg), considerando-se a somatória de café verde, solúvel e torrado/moído. De julho a novembro, foram embarcadas 19,8 milhões de sacas, o que representa aumento de 15% sobre 2019.

Com o dólar valorizado, o café brasileiro se tornou ainda mais competitivo no mercado internacional e as vendas antecipadas ganharam ritmo. Levantamentos da Conab indicam que, em novembro, cerca de 74% da produção da safra 2020/21 já se encontrava comercializada, enquanto que em igual período de 2019 e na média dos últimos cinco anos, essas porcentagens eram de, respectivamente, 71% e 69%.