Áreas na América Latina adequadas para produção de café deverão ter declínios de 73% a 88% até 2050. No entanto, a diversidade de abelhas pode mudar o cenário, mesmo que muitas espécies em regiões frias de montanhas sejam perdidas devido ao aquecimento global.
Uma equipe de pesquisa modelou os impactos para a América Latina, maior produtora de café, em vários cenários de aquecimento climático, considerando tanto as plantas quanto as abelhas. O resultado será publicado na edição online da Proceedings of the National Academy of Sciences, entre 11 e 15 de setembro.
"Fazemos um trabalho bem superior de prever o futuro quando consideramos plantas, animais e sua biologia", disse o cientista sênior do Smithsonian Tropical Research Institute, David Roubik "Os modelos tradicionais não se baseiam na capacidade dos organismos de mudar. Eles são baseados no mundo tal como o conhecemos, não em como poderia ser".
Apesar das diminuições previstas nas evariedades totais de abelhas, em todos os cenários, pelo menos cinco espécies do inseto sobrarão em futuras áreas adequadas ao café. Em cerca de metade das áreas, 10 espécies de abelhas foram mantidas.
O exemplo favorito de Roubik de uma mudança ambiental potencialmente enorme que não ocorreu como o previsto é o caso das abelhas africanas, que foram liberadas acidentalmente no Brasil em 1957. Os estudos de Roubik no Panamá sobre a polinização do café, tendo em vista as abelhas da floresta nativa, começaram na década de 1970 à medida que abelhas não nativas africanas agressivas encheram o norte através da América Latina.
A pior previsão era de que as abelhas assassinas perturbariam o delicado equilíbrio entre as espécies da floresta tropical e seus polinizadores nativos. Roubik descobriu que o oposto era verdadeiro. Nas florestas tropicais das terras baixas no México, as plantas polinizadas por abelhas africanizadas acabaram produzindo mais flores, tornando mais pólen e néctar disponíveis para as abelhas nativas.
"As abelhas africanas no Hemisfério Ocidental regulam a temperatura do seu ninho e a sua própria temperatura corporal usando água", disse Roubik. "Quando o clima é mais quente, a menos que seja muito seco, elas ficam mais bem adaptadas para suportar mudanças climáticas e polinizar o café, que é uma planta africana".
Ao prestar atenção aos processos biológicos e ao manejo do café para polinização máxima, dependendo dos efeitos do clima tanto nas plantas quanto nas abelhas, além de ajustar estrategicamente a sombra, as culturas rotativas e a conservação de florestas naturais, é possível que os produtores de café se adaptem à mudança climática.
A equipe de pesquisa envolveu especialistas do Smithsonian no Panamá; o Centro Internacional de Agricultura Tropical no Vietnã; o Centro de Pesquisa Agrícola Tropical e Educação Superior da Costa Rica; o Conservation International e a Universidade de Vermont nos EUA; o Centre de Coopération Internationale en Recherche Agronomique pour le développement na França; e o Center for International Forestry Research, no Peru.
As informações são do EurekAlert. / Tradução Juliana Santin