A mudança climática pode impactar dramaticamente a qualidade, o preço e a produção de café, de acordo com um novo estudo. Eventos climáticos extremos e aumentos da temperatura podem prejudicar áreas onde o café pode ser cultivado em até 50% até 2050, de acordo com o The Climate Institute, de Sydney, Austrália.

“Mais de 2,25 bilhões de xícaras de café são consumidas ao redor do mundo todo ano, com quase metade dos australianos bebendo café regularmente”, disse o diretor executivo do The Climate Institute, John Connor. “Além disso, o café é apenas uma das múltiplas coisas que estão cada vez mais sujeitas aos impactos do clima e seus efeitos negativos”.

O estudo, chamado “A Brewing Storm: The climate change risks to coffee report”, foi encomendado pela Fairtrade Australia & New Zealand.

O The Climate Institute disse que 80% a 90% dos 25 milhões de cafeicultores do mundo eram “pequenos produtores que estão entre os mais expostos à mudança climática”. O relatório disse que se não forem tomadas ações climáticas “fortes”, as áreas de produção de café poderão cair pela metade em décadas, o que fará com que o café enfrente o potencial de extinção até 2080.

“Companhias como Starbucks e Lavazza, bem como a Organização Internacional de Café (OIC), já reconheceram publicamente a severidade dos riscos climáticos”, disse Connor. “Os consumidores deverão enfrentar escassez na oferta, impactos no sabor e aromas e maiores preços”.

Connor disse que podem ser dados passos para mitigar o impacto. Esses incluem marcas ao consumidor que são ‘carbono neutras’ e demandar ações as companhias de café e dos governos para garantir que “todos os modelos de negócios, produtos e economias sejam carbono ou clima neutros”.

No começo desse ano, o presidente da divisão global de café da illy, Andrea Illy, disse em Davos que a mudança climática era uma ameaça à produção de café em médio e longo prazo.

“O café é uma das colheitas que está sendo severamente afetada pela mudança climática, que é uma ameaça em termos de altas temperaturas em algumas regiões quando é produzida e uma ameaça em termos de segurança de água – seja por secas ou chuvas excessivas – em certas outras regiões”.

Illy disse que, embora a mudança climática deva impactar a produção, o consumo ainda está crescendo. “Nós prevemos que precisaremos de duas vezes mais café no mínimo – mais provavelmente três vezes mais – até o final do século, com menos de 50% de terras disponíveis. Acho que temos um problema que precisamos resolver”.