No Primeiro Fórum Mundial de Produtores de Café, representantes de governos de vários países mostraram, em um painel ministral, que muitas de suas preocupações relativas ao seus respectivos setores cafeeiros coincidem com as dos próprios produtores, aos quais buscam dar respostas.
O Ministro do Comércio de Camarões, Mbarga Atangana, salientou a importância que o café e o cacau possuem em seu PIB nacional e agrícola, que é representado principalmente por pequenos produtores e emprega cerca de 3 milhões de pessoas.
Devido à diversificação da sua economia, o café vem perdendo peso. A produção caiu para 25 mil toneladas, das quais três mil são de café arábica. Na indústria global, o país está caindo no ranking devido à queda da espécie.
Para recuperar a produção, o ministro pediu ajuda aos bancos internacionais para tentar fazer com que cresça, novamente, o consumo interno do grão. Para atingir esta meta, o país também trabalha lado a lado com associações, como, por exemplo aAgência de Cafés Robusta da África e de Madagascar (SAARC), além de países como o Vietnã, para compartilhar experiências.
Nguyen Anh Tuan, do IPSARD, representando o setor público do Vietnã, disse que em seu país 650 mil famílias se dedicam à produção de café e que, em uma área relativamente pequena, mostram altos níveis de produtividade.
Dentre os outros desafios compartilhados estão os baixos preços dos grãos, um mercado flutuante e a mudança climática, que tem exigido esforços institucionais em pesquisa e desenvolvimento, produtividade e meio-ambiente. “Nós criamos políticas de apoio aos produtores de café com novas variedades, certificações de café, selos de sustentabilidade”, disse Tuan.
O Vietnã também tem procurado manter os jovens na indústria do café. Embora para o representante o consumidor pague preços razoáveis por uma xícara de café, ele admitiu que algo está errado na cadeia: “Algo entre o consumidor e o produtor não funciona bem”.
Para o México, o secretário de Agricultura Jorge Narváez apresentou um vídeo para mostrar a contribuição da agricultura para a economia nacional. Em um anúncio, foi estabelecido uma meta para chegar a produzir 15 milhões de sacas de café em 15 anos, uma meta ambiciosa, estimulando também o consumo doméstico.
Em Angola, o embaixador Nelson Cosme descreveu como era importante o café para o país africano até início dos anos 80, de forma que estavam entre os principais exportadores do mundo. Porém, a guerra da independência destruiu muitos hectares e resultou no abandono do campo. A diversificação da economia para o petróleo não ajudou, por isso um grande desafio para a política pública é reavivar o setor cafeeiro, incluindo a assistência técnica.
No Brasil, representando o Ministério da Agricultura, o secretário de Política Agrícola, Neri Geller, disse que o país tem buscado impulsionar a cafeicultura por meio de políticas de crédito e comercialização, com foco na sustentabilidade ambiental.
A regularização de títulos de terra também tem sido útil
Para a Tanzânia, o ministro Charles Tizeba reconheceu que é importante dar voz aos produtores em fóruns como o realizado em Medellín. Segundo ele, algo está errado quando o dinheiro não chega aos produtores. Após o pacto mundial de cotas, que se rompeu em 1989, deve buscar-se uma nova maneira de reestabelecer o equilíbrio que havia entre oferta e demanda, com preços mais justos.
Outros palestrantes que apresentaram o estado de seus setores cafeeiros em seus países, as medidas adotadas e/ou recomendações para enfrentar problemas semelhantes, foram o Ministro da Agricultura da Uganda, Vicent Ssempijja, o pesquisador de Gana, Patric Seal, e o Ministro da Agricultura da República Dominicana, Angel Estévez, confirmando que muitos dos desafios da cafeicultura, com algumas pequenas variações, são muito comuns a todos os produtores, o que facilitará o consenso na hora de propor soluções.
As informações são da Federação Nacional de Cafeicultores da Colômbia / Tradução Juliana Santin