Recuperar aconcentração e a disposição para o trabalho logo após o almoço pode ser uma tarefa mais fácil e mais econômica: basta uma parada para o "cafézinho". De acordo com especialistas, uma xícara é suficiente para fazer com que um profissional possa render mais e manter a produtividade.
“É comum ter uma queda na proatividade, uma baixa cerebral depois das refeições, principalmente após o almoço. Então, se você quer ficar desperto, uma dose de café neste horário também vai ajudar", afirma Norberto Frota, coordenador do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia. Segundo ele, o consumo de café, que contém cafeína, auxilia na recuperação da concentração em momentos de baixa natural do organismo.
A cafeína é o único agente estimulante no café capaz de manter a pessoa acordada. Em cada unidade de café, a concentração de cafeína vai de 1% a 2,5%, após a torrefação -- processo de degradação do grão original e produção de novos compostos. “É a substância que tem um princípio ativo que atua no cérebro, justamente nessa parte de atenção, concentração e mantém a pessoa alerta”, diz Mônica Pinto, nutricionista e coordenadora de projetos da Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC). "Quando atua no sistema nervoso, que é o nosso sistema de vigília, faz com que você fique mais desperto e mais concentrado, já que propicia que você esteja mais alerta aos seus reflexos."
Outras bebidas, como energéticos, chocolates e refrigerantes também dispõem da substância, mas são aritificiais e, em geral, custam mais caro.
Por agir em ciclos curtos de aproximadamente 30 minutos, a partir da ingestão até ser aborvida e excretada pelo corpo, a cafeína pode ser ingerida a cada duas horas, em média. A quantidade recomendada para o consumo de café é de três a quatro xícaras por dia. "Tem pessoas que são mais tolerantes à cafeína e podem ingerir uma quantidade maior de café. Normalmente, o que se recomenda é de três a quatro xícaras para um consumo diário e durante o dia", diz Mônica Pinto.
A cafeína não atua, porém, da mesma forma em todos os organismos. Frota diz que os efeitos irão variar conforme a maneira que a substância atua no cérebro de cada indíviduo. “Tomar café à noite, para algumas pessoas, pode atrasar o início do sono", diz. Por outro lado, o consumo da substância tem a vantagem de não ficar condicionado à faixa etária. “O café tem efeito em todas as idades, tanto em adolescentes quanto idosos."
O excesso, como de outras substâncias, pode prejudicar a saúde. Ansiedade, tremores e irritabilidade estão entre efeitos colaterais apontados pelo neurologista. Ele cita, entretanto, estudos que apontam que o consumo consciente pode prevenir doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson, de acordo com estudo da Universidade Sapienza, de Roma.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), o consumo per capita do café no Brasil, em 2014, ficou em 81 litros por ano. Essa quantidade, se analisada em xícaras de 50ml, equivale a uma unidade a cada dois dias em média, considerando toda a população e não apenas os consumidores da bebida.
A tecnologia favoreceu os amantes do café com máquinas automáticas e a introdução de cápsulas individuais no mercado. Em 2014, o volume de cápsulas vendidas cresceu 52,4%, frente ao ano anterior. Além de novas opções de textura e tonalidade de sabor, as máquinas acabam com as discussões no escritório de quem vai "fazer o café" no dia -- o que, por seu lado, também melhora a produtividade.